Governo brasileiro condenou desproporcionalidade das ações daquele país contra a população palestina, o que causou mal-estar diplomático entre as partes

Depois que o governo brasileiro decidiu retirar seu embaixador de Tel Aviv, em Israel, em protesto contra a ação desproporcional daquele Estado contra a Palestina nos conflitos que têm ocorridos nos últimos dias na região, a reação israelense foi incisiva. Nesta quinta-feira (24/7), o ministério do Exterior daquele país declarou que, por posturas como essa, o Brasil continua politicamente “irrelevante”.

“Esse tipo de conduta mostra porque o Brasil, grande potência cultural e econômica, fica irrelevante na arena mundial”, disse o ministério em nota, que prosseguiu com as críticas: “[Esse] ato revela um duplo comportamento do Brasil, que é parte do problema em vez de contribuir para uma solução.”

Se para Israel o posicionamento brasileiro demonstra uma faceta negativa do país, para o professor de Política Internacional da Universidade Federal de Goiás (UFG) Juarez Maia a situação é exatamente a oposta. Segundo ele, o governo do país do Oriente Médio sempre ressalta a importância do Brasil quando é preciso, mas faz declarações como essa quando o posicionamento é contrário aos seus interesses.

“É importante ressaltar que o Brasil foi o primeiro a votar a favor da formação do Estado de Israel e votou diversas vezes na contramão de países árabes”, disse. “Mas o Brasil também nunca abandonou sua posição pela instituição do Estado palestino.”

De acordo com o professor, Israel demonstra “soberba” com a atitude diante do Brasil, se recusando a ouvir àqueles que são contrários às suas ações. Já o Brasil, em sua avaliação, continua com a postura moderada que sempre exibiu.

“O Brasil está irritando Israel porque aquele governo quer tomar posições radicais na Palestina”, declarou. Ele cita que nesta última ofensiva contra Gaza mais de 300 palestinos morreram e mais de 300 mil ficaram desabrigadas. “O Brasil não pode ficar neutro.”

Nesta quarta (23), o governo brasileiro divulgou nota criticando os ataques israelenses no território palestino. “Condenamos energicamente o uso desproporcional da força por Israel na Faixa de Gaza, do qual resultou elevado número de vítimas civis, incluindo mulheres e crianças. O Governo brasileiro reitera seu chamado a um imediato cessar-fogo entre as partes.”, explica o texto.

Questionado se a declaração de um posicionamento sobre o tema não prejudicaria o país, Juarez garante que não. “Não prejudica de forma nenhuma. O comércio com Israel é irrelevante para o Brasil. Os países árabes são quem compram de nós”, relata.

Para o professor, o conflito naquela região só poderá ser resolvido com a constituição do Estado da Palestina, uma questão “que tem sido empurrada com a barriga”. Enquanto isso, defende, o Brasil deve se posicionar em favor do bem comum. “O Brasil sempre apoiou a Palestina, da mesma forma que foi o primeiro a votar pela criação de Israel”, concluiu.