A American Soybean Association (ASA), principal entidade de produtores de soja dos Estados Unidos, enviou uma carta ao presidente Donald Trump alertando que a produção brasileira tomou o lugar da americana nas compras da China. O motivo é a tarifa de retaliação de 20% aplicada pelo governo chinês contra a soja norte-americana, o que tornou o grão do Brasil mais competitivo. A informação foi publicada pelo UOL.

No documento, enviado na terça-feira, 19, a entidade afirma que os produtores estão “à beira de um precipício comercial e financeiro” e pede que a Casa Branca priorize o tema nas negociações com Pequim. O texto é assinado pelo presidente da ASA, Caleb Ragland, que destaca os riscos crescentes para o setor. “Quanto mais avançarmos sem um acerto sobre soja, piores serão os impactos”.

Segundo a associação, a China foi responsável, em média, por 61% das importações globais de soja nos últimos cinco anos. Agora, no entanto, compradores chineses estariam evitando negócios com os EUA para os próximos meses, ao mesmo tempo em que contrataram grandes volumes de soja brasileira.

Tradicionalmente, o Brasil abastece a China no primeiro semestre, enquanto os Estados Unidos fornecem no segundo. A dinâmica, porém, foi alterada pela guerra comercial. A ASA diz que “historicamente, os Estados Unidos eram o fornecedor de preferência dos clientes chineses”, mas que, devido às tarifas, a China passou a recorrer cada vez mais à soja sul-americana.

“Infelizmente para nossos produtores, a China contratou com o Brasil para atender às necessidades dos próximos meses, a fim de evitar a compra de qualquer soja dos Estados Unidos”, diz a carta.

A entidade ressalta que a ausência de compras chinesas em pleno período de aproximação da colheita no Hemisfério Norte é motivo de preocupação. “A China não adquiriu nenhuma soja dos EUA para os próximos meses. Quanto mais avançarmos no outono sem chegar a um acordo, piores serão os impactos para os produtores norte-americanos”, reforça o documento.

Impactos econômicos

Além da perda de mercado, a ASA descreve uma combinação de dificuldades para os produtores: queda nos preços, margens cada vez menores e custos mais altos com insumos e equipamentos. Segundo a entidade, nessa conjuntura, os agricultores americanos não têm condições de suportar uma disputa prolongada com seu principal cliente.

O texto ainda agradece uma postagem recente de Trump no Truth Social, na qual o presidente elogiou a safra americana e pediu que a China aumentasse em quatro vezes as compras de soja dos EUA. A associação, porém, alerta que os negócios já foram garantidos pelo Brasil, que se beneficiou do diferencial tarifário.

A ASA conclui que, sem uma solução rápida, o setor agrícola norte-americano enfrentará perdas significativas e que os produtores podem não resistir a uma prolongada exclusão do mercado chinês.

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