Cumprimento da ordem judicial pode ocorrer ainda nesta semana. Servidores da educação em greve temem possível confronto com a força policial

Foto: Fernando Leite - Opção Online
Foto: Fernando Leite – Opção Online

Um clima de tensão se instalou no plenário da Câmara de Goiânia na tarde desta terça-feira (24/6). Mais cedo, em assembleia, os servidores municipais da Educação em greve optaram por permanecer na Casa mesmo com a previsão de cumprimento, às 16h, de uma ordem judicial de desocupação e reintegração de posse. Em caso de resistência dos grevistas, era previsto o uso de força policial, o que não ocorreu.

Na porta da Câmara, apenas os policiais militares que realizam a segurança do local estavam a postos. Questionados sobre a possível intervenção, os profissionais alegaram ao Jornal Opção Online que não há previsão para que isso ocorra, e que a deliberação deve vir do coronel Edson Costa, presidente da Comissão de Conflitos Fundiários da Secretaria de Segurança Pública (SSP-GO).

Em plenário, representando o coronel Edson, o coordenador da Superintendência Estadual dos Direitos Humanos e integrante do Comitê da SSP, Marcos Vinícius Lemes, afirmou que a situação está “entre a Justiça e o bom senso dos professores”. “Esperamos a sensibilidade do prefeito Paulo Garcia para atender o mínimo pedido, porque agora não avançou nada por parte da Prefeitura.” O representante afirmou que permanecerá no local para garantir a integridade física e moral dos grevistas.

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Em mais uma tentativa de diálogo, um grupo de vereadores se reuniu na manhã desta terça-feira com o secretário de Governo da Prefeitura de Goiânia, Osmar Magalhães. O encontro, no entanto, não resultou em avanços. A informação foi concedida pelo vereador Djalma Araújo (Solidariedade). Em entrevista, ele reforçou as críticas ao prefeito Paulo Garcia e comentou sobre a possibilidade de confronto entre a Polícia Militar (PM) e a categoria. “A gente espera o bom senso da polícia, mas não está tendo. Haverá confronto, com certeza e nós queremos algo pacífico.”

O professor Antônio Gonçalves, coordenador do Sindicato Municipal dos Servidores da Educação em Goiânia (Simsed), garantiu que a categoria irá resistir em qualquer circunstância. Caso haja intervenção policial, a expectativa é que os profissionais impeçam a entrada dos agentes no plenário da Casa. “Vamos organizar barricadas e fechar as portas. De qualquer forma, vamos fechar todas as entradas. O objetivo principal é impedir a entrada”, assegurou o coordenador de comunicação do Simsed, Hugo Rincón.

No início da tarde, uma oficial da Justiça foi pessoalmente ao plenário reforçar a ordem judicial de desocupação junto à categoria. No entanto, os professores hostilizaram a profissional e não receberam o documento. A representante deixou o local aos gritos dos grevistas, que a acompanharam até a entrada da Câmara Municipal.

A reivindicação inicial dos profissionais é o cumprimento integral do acordo firmado entre a Prefeitura de Goiânia e os educadores durante a última paralisação da categoria. A pedido da secretária de Educação, Neyde Aparecida, o comando de greve reduziu a pauta de reivindicações em três itens, são eles: o pagamento do retroativo do piso salarial e das titularidades, estabelecimento de gratificação de 30% para auxiliares e o cumprimento da data base para os servidores administrativos.

Mesmo com o enxugamento da pauta de reivindicações, os grevistas garantem que o Paço Municipal não propôs nenhuma saída às questões levantadas. Em relação ao corte de ponto dos profissionais, a assessoria de comunicação da prefeitura alegou que o município se dispõe a negociar o pagamento regular do mês de junho desde que a greve seja suspensa imediatamente, bem como haja o compromisso de reposição integral dos dias letivos não cumpridos.