A presidente venceu o primeiro confronto com ex-diretor Cerveró no caso Pasadena

07 abril 2014 às 16h46

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Dilma Rousseff alegou que não conhecia o contrato de compra da refinaria de Pasadena, operação que causou à Petrobrás o prejuízo de pelo menos 1,3 bilhão de dólares. A presidente sustentou que comandou a aprovação da compra no Conselho de Administração da empresa baseada apenas num resumo do contrato apresentado na própria reunião.
Responsável pelo contrato e o resumo quando era diretor da área internacional da Petrobrás, Nestor Cerveró reagiu, por seu advogado, dizendo que todos os conselheiros receberam a íntegra do contrato 15 dias antes da reunião de três de fevereiro de 2006. Porém, não era verdade.
A diretoria executiva da Petrobrás, então presidida pelo companheiro José Sérgio Gabrielli, tomou conhecimento do contrato somente na véspera da reunião do conselho, ao qual encaminhou o documento para a homologação no momento da reunião.
Dilma estava certa. No entanto, pairam no ar duas dúvidas. A primeira é por que a presidente comandou a aprovação de um contrato que desconhecia? Ela, que costuma esmiuçar, os papéis que recebe para análise, deixou-se enganar por um resumo? A outra dúvida é por que a pressa, inclusive de Dilma, quanto à aprovação do contrato que tramitou pela área técnica da Petrobrás em apenas 20 dias?
Técnicos da petroleira assinaram um documento à presidência da empresa em 31 de janeiro de 2006 afirmando que o prazo para a análise da operação era “muito curto”. Três dias depois, o Conselho de Administração aprovou a compra.
As dúvidas devem crescer diante do empenho do Planalto em instalar no Congresso, com apoio do PMDB do presidente do Senado, Renan Calheiros, um modelo mais seguro de CPI, não aquele apresentado pela oposição e que limita a investigação parlamentar à Petrobrás.
O palácio quer uma comissão de inquérito que investigue também o PSDB do presidenciável Aécio Neves e o PSB do candidato Eduardo Campos. Serão os concorrentes contra a reeleição de Dilma. Os tucanos seriam investigados pela suspeita de corrupção na compra e manutenção de trens do governo de São Paulo. Os socialistas, pelo porto de Suape, em Pernambuco.
Qualquer que seja a CPI, o PT e o PMDB terão a oportunidade de proteger Dilma com a indicação do presidente e do relator da comissão, mais a proteção na retaguarda das presidências do Senado e da Câmara. Os dois partidos aliados já estão protelando a instalação da comissão para ganhar tempo.