O presidente do Instituto Municipal de Assistência à Saúde dos Servidores de Goiânia (Imas), Marcelo Marques, disse nesta sexta-feira, 8, que o órgão está em “ordem” agora. Marques deu a declaração em convocação da Comissão de Saúde e Assistência Social da Câmara Municipal para prestar esclarecimento sobre o relatório de auditoria feito pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e que foi entregue ao Ministério Público de Goiás (MPGO). A comissão questionou os dados apresentados na audiência.

Marques afirmou que medidas já forma tomadas para organizar o Imas. “Refazemos os contratos, publicamos uma portaria com pagamento em ordem cronológico. Estamos escrevendo um Projeto de Lei para melhorar esse déficit orçamentário e ainda temos um projeto de, a curto prazo, ter um hospital do servidor, que vai melhorar a qualidade do atendimento, com garantia para o servidor e gerar uma economia também”, revelou.

O Opção mostrou no dia 28 do mês passado que em três anos (2020, 2021 e 2022), o débito de orçamento do instituto cresceu cerca de 917,9% ao mesmo tempo em que viu a receita cair 96%. O relatório apontou déficit superior a R$ 220 milhões.

Questionado o porquê do Imas ter chegado a uma situação de crise como chegou, Marcelo Marques argumentou que o principal motivo foi o aumento na idade dos beneficiários.

“O servidor público que aderiu ao Imas tem uma média de idade de 50 a 75 anos, isso gera um aumento de gastos com tratamento. Então, isso foi aumentando os gastos e a receita continua a mesma, além de termos passado por um período de pandemia, que isso gerou um aumento muito grande de gastos para o Imas, com tratamentos e internações em UTIs”, detalhou.

Outro problema apontado pelo presidente foram decisões equivocadas de gestões anteriores do Imas. Para Marcelo Marques, uma mudança na legislação é essencial. “Apesar de ser uma autarquia, o Imas tem uma dependência de outras secretarias. O Imas precisa de autonomia para fazer melhor a gestão de receita. Resolver esses problemas precisaria mudar a lei, porque hoje não permitem essa autonomia”, explicou.

A vereadora Kátia Maria (PT), presidente da comissão, afirmou que está claro que o problema no Imas é de gestão. “Faltam dados, falta transparência, faltam mecanismos. Como é que pode um instituto de saúde da capital do Estado ser feito com planilhas de Excel? Então, precisa ter uma modernização, precisa investir. Uma coisa que nós não vamos admitir é a falsa informação de que hoje o Imas só recebe 4%. Não é verdade, o Imas recebe 4% dos usuários mais 4% do patronal, que é o que a prefeitura tem que pagar.

Kátia ainda afirmou que não está claro se a Prefeitura tem feito os repasses ou não o que gerou desconfiança sobre o documento apresentado pelo instituto. “Não está claro se a Prefeitura está pagando ou não. Nós convocamos uma outra reunião da Comissão de Saúde com a presença do secretário de Finanças e a presença do secretário de Administração para o próximo dia 18, porque nós precisamos checar essas informações”, criticou.

Ainda conforme o presidente, foi publicada na semana passada uma portaria para os pagamentos serem feitos em ordem cronológica, com início já na próxima semana e também falou sobre o Hospital do Servidor. “O projeto em relação ao Hospital do Servidor, além de mudanças maiores, acredito que chegará para a Câmara esse semestre ainda”, finalizou.

Kátia Maria declarou que não é momento de se falar em aumento de alíquota e também sobre construção de um hospital sem antes resolver outras questões. “O básico é equacionar a receita com a despesa e isso não está claro. Falta mecanismo de gestão dentro do Imas e falta essa possibilidade do acompanhamento. Então, os documentos que nós solicitamos, o presidente não atendeu todos, porque nós queremos a dívida detalhada, quais os mecanismos que vão ser feitos para sanar essas dívidas, qual é a lista dos prestadores com as referidas dívidas para que a gente possa acompanhar, como vai ser o pagamento, porque sem o pagamento não tem a volta dos atendimentos”, pontuou.

Perguntada se poderá ocorrer uma Comissão Especial de Investigação (CEI) do Imas, Kátia Maria afirmou que, caso sejam sanadas as dúvidas colocadas, não haverá necessidade. “Agora, não fazendo uma devolutiva do Imas e os órgãos da Prefeitura, estudaremos os demais mecanismos que no nosso regimento interno nos possibilita”, garantiu.

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