Comissão pode votar convocação de Wajngarten e ministro da Justiça; Nelson Teich será ouvido pelos senadores na quarta-feira, 5

Ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta | Foto: Marcello Casal Jr./ Agência Brasil

Depondo na CPI da pandemia no Senado Federal nesta terça-feira, 4, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, disse em uma de suas respostas, que viu uma minuta de documento da Presidência da República para que a cloroquina tivesse na bula a indicação para tratamento a Covid-19 e que o presidente Jair Bolsonaro parecia ouvir “outras fontes” que não o Ministério da Saúde. O ex-ministro chegou a dizer que o presidente da República se ocupa mais das redes sociais que da realidade do vírus no País.

“Estive dentro do Palácio do Planalto quando fui informado que era para subir, porque tinha uma reunião de vários ministros e médicos que iam propor esse negócio cloroquina, que eu nunca havia conhecido. Ele tinha uma assessoramento paralelo. Nesse dia, havia na mesa um papel não timbrado de um decreto presidencial para que fosse sugerido daquela reunião que se mudasse a bula da cloroquina na Anvisa, colocando na bula a indicação de cloroquina para coronavírus. Foi inclusive o próprio presidente da Anvisa, Barras Torres, que estava lá, que disse não. O ministro Jorge Ramos disse, isso não é da lavra daqui. Mas é uma sugestão de alguém. Alguém pensou, se deu ao trabalho de colocar aquilo em formato de decreto”,  disse Mandetta durante depoimento na CPI.

Durante o depoimento, o relator da Comissão, senador Renan Calheiros também questionou se a ordem do presidente Jair Bolsonaro para o laboratório do Exército aumentar a produção de cloroquina tinha partido do Ministério da Saúde, e Mandetta negou.

“A única coisa que o Ministério da Saúde fez, após consulta ao Conselho Federal de Medicina e conselheiros do ministério, era para o uso compassivo, quando não há outro recurso terapêutico. É um medicamento que tem uma série de reações adversas, uma série de cuidados que tem que ser vistos”, afirmou o ex-ministro.

“A cloroquina nos é produzida regularmente para o uso que convém, para malária, lúpus, pela Fiocruz, e tínhamos a quantidade necessária para isso”, completou ao depor.