Prefeitura não cumpre acordo e drama dos diabéticos continua em Goiânia
23 fevereiro 2017 às 18h09
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Vereadora diz que secretária Fátima Mrué fez compromisso junto à Comissão de Saúde e até hoje não deu retorno
O drama dos diabéticos de Goiânia, em especial os que dependem de insumos para bombas de insulina, persiste após quase dois meses da administração de Iris Rezende (PMDB). Na última semana, a secretária municipal de Saúde, Fátima Mrué, se comprometeu a resolver a questão junto aos fornecedores durante audiência na Comissão de Saúde da Câmara, mas, até agora, não deu retorno.
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A denúncia da vereadora Priscilla Tejota (PSD) foi feita ao Jornal Opção, após reunião nesta quinta-feira (23/2), onde mães de crianças diabéticas a procuraram desesperadas. Em um áudio, aos prantos, uma delas conta que pegou dinheiro com agiota para financiar o tratamento da filha e não sabe o que fazer. “Estamos passando momento difícil demais, não sei o que fazer, com quem conversar”, desabafa.
Maria Helena de Melo Rocha, mãe da pequena Valentina, 2, é uma das que aguarda a bomba de insulina. Segundo ela, o cadastro da filha foi aprovado pela comissão da secretaria para integrar o tratamento, mas, desde o começo do ano, aguarda a chegada de material. “Como o caso dela é muito grave, pois a taxa de glicemia é muito descompensada, tenho que comprar insulina para aplicar”, explicou.
Na semana passada, a criança foi levada às pressas ao pronto-socorro após sofrer uma convulsão: “Ela quase entrou em coma, os médicos pedem urgência, mas ainda não tive posição da prefeitura. Dizem que tenho que esperar porque a nutricionista saiu de licença médica”.
Alegando crise financeira, a gestão Iris não conseguiu normalizar, até hoje, a entrega de insumos para os diabéticos da capital. São 187 pessoas, entre crianças, adultos e idosos, que dependem do fornecimento de insumos de bombas de insulina, para sobreviver, mas menos da metade foi contemplada. Como reconhece a própria Secretaria Municipal de Saúde (SMS), por meio de nota encaminhada à reportagem, apenas 93 “já realizaram ou estão com agendamento para o serviço de acompanhamento”.
Com isso, os próprios pacientes têm que arcar com os custos dos medicamentos — que variam de R$ 1,7 mil a R$ 2 mil por mês. “Não sabemos mais o que fazer, porque a secretária veio à comissão e se comprometeu a resolver a questão junto aos fornecedores, mas até agora nada”, lamentou a parlamentar. Segundo ela, foi formalizado um documento que determinou que em três dias úteis Mrué deveria apresentar o acordo, o que não aconteceu.
Há ainda uma controvérsia com relação ao porquê da falta dos insumos e insulinas: vereadores e pacientes alegam que a secretária disse que o problema não era por falta de pagamento, mas, sim, por falta de insulinas. Ao Jornal Opção, o sócio da Hospfar (um dos distribuidores) Marcelo Reis contou que o último pagamento recebido da prefeitura de Goiânia foi em novembro do ano passado.
“O débito é elevado e nós não temos condições de financiar a saúde da capital, mais do que já fizemos. Somos apenas distribuidores, precisamos comprar do fabricante. Existe um edital, que prevê pagamento em 30 dias. Não estamos vinculando a entrega dos insumos ao pagamento, de forma alguma, mas não temos estrutura para continuar assim”, explicou.
Por meio de nota, a SMS informou dívida em questão com os fornecedores é referente à gestão passada e será negociada com a empresa “em momento oportuno”. Uma reunião foi marcada para esta sexta (23) entre secretaria e fornecedores.
Impasse
A secretária de Saúde informou que recebeu nova remessa de insulinas Aprida e Lantus nesta quinta (22) e, desde o dia 17 de fevereiro, a Farmácia de Medicamentos e Insumos Especiais foi reabastecida com a insulina Levimir “com quantidade suficiente para quatro meses”.
Vice-presidente da Associação Metropolitana de Apoio ao Diabético (Amad), André Fabrício, disse ao Jornal Opção que a quantidade o novo carregamento de insumos não deve conseguir suprir a alta demanda. “No dia 10 de fevereiro chegou apenas 3 mil unidades, que não deu para todos. Além disso, os que pegaram terão que pegar de novo já no dia 10 de março, pois o fornecimento é mensal e está atrasado”, disse.
Tanto os pacientes quanto os vereadores reclamam que a secretária Fátima Mrué não tem atendido ligações e nem tampouco um superintendente, apontado por eles como o responsável por tratar sobre o caso.
Veja na íntegra a nota encaminhada pela SMS:
A SMS Goiânia esclarece que a entrega de uma nova remessa das insulinas Aprida e Lantus está sendo entregue nesse momento para a Prefeitura. A última entrega foi feita no dia 10 deste mês. Sobre as bombas de insulina, 93 pacientes já realizaram ou estão com agendamento para o serviço de acompanhamento.
No dia 17 de fevereiro a Farmácia de Medicamentos e Insumos Especiais foi reabastecida com as insulinas Levimir, com quantidade suficiente para quatro meses.
A dívida em questão com os fornecedores é referente à gestão passada e será negociada com a empresa em momento oportuno. A nova gestão está comprometida e empenhada em manter o pagamento referente às entregas dos insumos e análogos desde ano regularizada.
Ascom da Secretaria Municipal de Saúde