Chefe do Executivo de Turvelândia, Ailton Minervino declara que briga de caciques prejudica a legenda. Para ele, punição deveria recair sobre os causadores do acirramento

A cada dia que se aproxima das convenções partidárias do PMDB e o governador Marconi Perillo (PSDB) cumpre agenda pelo interior, mais aumenta o número de prefeitos peemedebistas que declaram apoio público ao tucano caso concorra à reeleição. Enquanto especula-se que seriam dez os dissidentes, alguns avaliam que a quantidade pode ser maior. Na lista, estariam prefeitos de Niquelândia, Goiatuba, São Luiz do Norte, Mara Rosa, Vicentinópolis, São Patrício, Porteirão e Pontalina.

turvelandia_prefeito_destaque
Ailton Minervino alerta para debandada maior de peemedebistas para a base aliada de Marconi Perillo (PSDB). Foto: Reprodução/Prefeitura de Turvelândia

Sentindo o trauma da divisão causada no partido entre o bloco do ex-governador Iris Rezende e o do empresário Júnior Friboi, pré-candidato ao governo, Ailton Alves Minervino, prefeito de Turvelândia, é filiado desde os 18 anos à legenda e disse ao Jornal Opção Online que está pronto para apoiar o projeto político Marconi Perillo. O político lembrou que o PMDB nunca perdeu nenhuma eleição à nível municipal e estadual em sua cidade, mas diante da situação de acirramento entre os grandes, decidiu se posicionar a favor da base aliada.

“O partido está sendo estraçalhado em Goiás, não é verdade? Você pega o Iris e o Júnior com essa briga boba, estão acabando com o PMDB. Nós do interior não vamos entrar no meio e nem ficar sofrendo por conta deles”, avaliou. Ele reclama que nas eleições de 2010, quando Marconi Perillo e Iris Rezende polarizaram, o segundo turno do pleito em Turvelândia foi vencido pelo ex-governador com 500 votos de diferença. Ailton Minervino afirmou que nunca recebeu uma ligação e acredita que a cúpula da legenda nem o conheça.

Para o prefeito, o governador e o vice José Eliton (PP) estão sendo municipalistas com as ações que vêm desenvolvendo no Estado. Os dois e outros integrantes da base estiveram em Turvelândia há poucos dias. O peemedebista contou que resolveu abraçar a causa e caminhar junto após a visita. Ressaltando que politicamente não conhece Júnior Friboi, Ailton Minervino lembrou que o empresário teria visitado a cidade pela última vez ainda no ano passado. Sobre Iris Rezende, sustentou que falta o companheirismo com aqueles que “sofrem no interior”.

Falando com veemência que é um prefeito que não tem compromisso político com ninguém e que não tem “rabo preso”, o dissidente refletiu que faz o que é certo para a população e o município que administra.

Observando que gosta do PDMB e que “morreria pelo partido”, o peemedebista afirmou em recente discurso que a legenda está acabando e ninguém está vendo. O ego de alguns, de acordo com o político, está atrapalhando as articulações. A vice-prefeita, Reila Naves, é do PT e já negocia na cidade apoio ao pré-candidato do partido ao governo, o ex-prefeito de Anápolis Antônio Gomide.

Punições

Questionado se não temia punição por parte da direção estadual do PMDB por conta de seu posicionamento, Ailton Minervino relatou que não conversou oficialmente com o diretório e que nem irá fazer contato. “Se a punição vier, tenho que tentar me defender. Acho que deveriam punir é quem está acabando com o nosso partido”, esbravejou, emendando as seguintes perguntas: “Quem é o nosso candidato hoje? O que estamos fazendo? Até então estava firme para apoiar o Júnior, mas os próprios companheiros estão apunhalando uns aos outros pelas costas.”

O prefeito definiu que a desunião entre os caciques fez com que a legenda perdesse a eleição antecipadamente, o que faz com que o partido não se una mais. E alertou que não é só ele quem está “saindo”.

Na semana passada, o presidente estadual do PMDB e deputado estadual Samuel Belchior afirmou em entrevista à imprensa no diretório da sigla que não acreditava na dissidência de alguns prefeitos peemedebistas. O parlamentar garantiu ainda que medidas previstas no estatuto do partido poderiam ser aplicadas nos casos dos desertores. A reportagem tentou contato com ele para que pudesse comentar o assunto, mas as ligações não foram atendidas até o fechamento da matéria.