Autor dos ataques ainda não compareceu à delegacia para prestar depoimento. “Se ele não comparecer será encaminhado à revelia. Não entendo o porquê não comparecer, esta será a primeira oportunidade que ele terá para se defender tecnicamente”, diz delegado

Foto: Gabriela Macedo / Jornal Opção

Após a porteira de um prédio de alto padrão do Jardim Goiás ser chamada de “macaca” e “chimpanzé” pelo morador Vinícius Pereira, a trabalhadora revelou, em entrevista na manhã desta terça-feira, 20, na 8ª Delegacia Distrital de Goiânia, que o homem tentou convencê-la a não denunciar o caso.

Logo depois de ofendê-la, Vinícius subiu para o seu apartamento e ligou para a portaria minutos depois do ocorrido. Ainda nervoso, voltou a ofendê-la, porém, segundo a trabalhadora, em determinado momento ele tentou convencê-la a não “falar nada”. “Ele tentou que eu não denunciasse. Queria que eu esquecesse aquele comportamento. Ele colocou de uma forma como se eu o tivesse ofendido, o que não o fiz em momento algum”, explicou.

Apesar dos demais moradores estarem apoiando a porteira, bem como pedindo pelo seu retorno ao prédio, a funcionária diz estar com medo de voltar a trabalhar. “O sindico garantiu que vai mudar algumas coisas para garantir a segurança, não só minha mas de todos os porteiros. Mas aquela cena não vai sair da minha cabeça tão cedo. Ali vemos que ele está bem agressivo, ainda bem que ali tinha um vidro que não permitia que ele chegasse até mim”, relatou.

Segundo o delegado responsável pelo caso, Gil Fonseca Bathaus, todas as testemunhas já foram ouvidas. “Se ele não comparecer será encaminhado à revelia. Não entendo o porquê não comparecer, esta será a primeira oportunidade que ele terá para se defender tecnicamente”, argumentou.

Ainda de acordo com Bathaus, a integridade física do acusado será garantida pela autoridade policial. “Se ainda assim estiver receoso de comparecer à delegacia eu posso me deslocar até a residência dele e colher o depoimento em sua própria casa”, explicou.

Vinícius não pode ser considerado um foragido pois não há mandado de prisão expedido contra ele. “Não representei ao Judiciário pela prisão pois na somatória das penas [previstas para os crimes cometidos] não caberia a [prisão] preventiva. Também não está no rol da prisão temporária. A prisão nesse caso [fase de investigações] é muito difícil. Se ele não comparecer vamos finalizar o inquérito e encaminhar ao Judiciário”, finalizou.

O acusado poderá responder pelos crimes de injúria racial e ameaça. Eles preveem penas de um a três anos e seis meses a um ano, respectivamente.

O caso

No domingo, 18, Vinícius Pereira da Silva chegou ao edifício onde reside, no Jardim Goiás, em Goiânia, e, na porta da garagem, buzinou. Como a trabalhadora não identificou o morador, impediu que o mesmo entrasse com o carro até que se identificasse. Após o episódio Vinícius começou a destratá-la. Depois de adentrar ao condomínio, se dirigiu à portaria onde a trabalhadora estava e disparou: “Grava, macaca! Chimpanzé! Chipanga! Me escara, desgraça”, disse.

Em seguida, já no seu apartamento, Vinícius ligou na portaria e continuou a agredir e ameaçar a funcionária. Ao ser questionado sobre o porquê das ameaças, disparou: “Porque você não presta, desgraça. Você é uma merda, abaixo de zero”. Mesmo a funcionária não reagindo às grosserias, Vinícius Pereira continuou os ataques: “Vou meter minha arma na cintura e vou aí resolver”.