A Polícia Federal (PF) identificou ao menos dez generais suspeitos de participar no planejamento de assassinatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A investigação resultou na operação Contragolpe, que prendeu militares suspeitos de envolvimento no planejamento.

De acordo com a PF, foram encontrados mensagens, documentos, áudios e registros de reuniões que citavam, em diferentes níveis de envolvimento, pelo menos 35 militares. Entre os mencionados estavam dez generais, 16 coronéis do Exército e um almirante. Os militares são suspeitos de participar da trama articulada supostamente durante o governo Bolsonaro. A informação é do jornal O Estado de São Paulo.

O principal alvo da operação foi o ex-secretário-executivo do governo Bolsonaro. Mensagens revelaram troca de mensagens em que ele e outros militares criticavam o Alto Comando do Exército, afirmando que “tinha que acabar” e declarando: “Quatro linhas da Constituição é o cacete”.

As conversas teriam tom inflamado e evidenciam, segundo as investigações, a insatisfação de membros das Forças Armadas com a cúpula do Exército, que não teria apoiado o suposto plano para manter Jair Bolsonaro no poder após sua derrota nas eleições.

Um colega de Mário escreveu, em uma das mensagens: “Kid Preto, cinco não querem, três querem muito e os outros, zona de conforto. É isso. Infelizmente. E a lição que a gente deu para a esquerda é que o alto comando ele tem que acabar. Se cria um general de cinco estrelas ou se promove, se mexe na promoção dos generais e só se promove nos próximos oito anos só um general quatro estrelas. Como é nos outros exércitos. Aí acaba essa palhaçada de unanimidade, acaba essa porra. Foi essa aula que a gente deu para eles, infelizmente.”

Além das mensagens, a PF obteve, com Fernandes, documentos fundamentais para o avanço das investigações. Entre esses documentos estavam o plano denominado “punhal verde amarelo”, que incluía o envenenamento de Lula e o assassinato de Moraes por meio de uma bomba. Além disso, foi encontrada uma minuta de gabinete de crise que teria como objetivo “pacificar” o País após uma eventual ruptura institucional. Esse gabinete seria liderado por aliados próximos de Bolsonaro: os generais Augusto Heleno e Walter Braga Netto.

A Polícia Federal encontrou, com o major Rafael de Oliveira, que foi alvo da operação de terça, arquivos e mensagens relacionadas à operação denominada ‘Copa 2022’, que abordava a prisão ilegal e execução de Moraes. A operação chegou a ser iniciada, mas foi abortada pouco antes de ser concluída.

Já o capitão Lucas Garellus teria trocado mensagens com Rafael de Oliveira e outros coronéis. Ele teria colaborado com o monitoramento de Moraes. Os militares citados aparecem como como envolvidos direta ou indiretamente na trama golpista.