A Polícia Federal (PF) finalizou o relatório que aponta que o ex-presidente Jair Bolsonaro tinha “pleno conhecimento” do plano para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O documento será entregue ainda nesta quinta-feira, 21, ao STF.

Bolsonaro e diversos aliados foram indiciados no inquérito que investiga uma tentativa de golpe de Estado após o resultado das eleições presidenciais de 2022. Entre os nomes citados estão ex-ministros como o general Augusto Heleno (GSI) e Braga Netto (Defesa), além de Valdemar Costa Neto, presidente do PL, e Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin.

Procurados, Augusto Heleno declarou que não comentará o caso, enquanto a defesa de Anderson Torres afirmou que aguardará a confirmação do indiciamento. Outros citados ainda não se manifestaram.

A investigação revelou uma organização que planejava o assassinato de Lula, Alckmin e Moraes com o objetivo de realizar um golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder. Na terça-feira, 19, os principais envolvidos no esquema foram presos pela PF.

O depoimento do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, foi determinante para a conclusão do inquérito. Prestado também na terça-feira, ele ajudou a PF a fechar os detalhes da trama golpista.

A apuração também foi embasada, entre outros elementos, nos depoimentos de dois ex-comandantes das Forças Armadas: Marco Antônio Freire Gomes (Exército) e Carlos de Almeida Baptista Júnior (Aeronáutica).

Segundo a investigação, Jair Bolsonaro organizou reuniões no Palácio da Alvorada com líderes das Forças Armadas e o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, para discutir possíveis medidas de Estado de Defesa ou Estado de Sítio. O inquérito aponta que uma minuta golpista elaborada previa também o uso da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) como parte do plano para impedir a posse de Lula.

O ex-comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, afirmou em depoimento que se opôs aos planos de Bolsonaro, inclusive rejeitando a implementação de duas versões da minuta golpista apresentadas pelo então presidente e por Paulo Sérgio Nogueira.

Em uma reunião, Freire Gomes relatou que Bolsonaro demonstrou “firme propósito” de levar adiante o plano, convocando até mesmo o general Estevam Theophilo, do Comando de Operações Terrestres (Coter), para discutir a execução.

De forma similar, o ex-comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Júnior, declarou que a resistência de Freire Gomes foi crucial para evitar que o golpe se concretizasse. Baptista também alertou Bolsonaro sobre as consequências legais de seguir com a trama.

Este é o terceiro indiciamento de Bolsonaro pela Polícia Federal. Além da suposta trama golpista, o ex-presidente é investigado em casos relacionados à fraude nos cartões de vacina e à venda de joias recebidas como presentes diplomáticos.

O advogado de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, nega qualquer envolvimento do ex-presidente em atos golpistas, afirmando que “não houve nada de golpe nem de prisão”.

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