Petismo x bolsonarismo: Anápolis será o maior palco da polarização em Goiás
27 abril 2024 às 12h08
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A cena do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de mãos dadas com o pré-candidato a prefeito de Anápolis, Márcio Corrêa (PL), transmitida nacionalmente durante o ato de domingo passado, dia 21, em Copacabana (RJ), teve especial repercussão em solo goiano.
O município onde o indicado de Bolsonaro está entre os melhores colocados nas pesquisas de intenção de voto para as eleições de outubro é também a cidade onde o pré-candidato de Lula, deputado estadual Antônio Gomide, apresenta o melhor desempenho entre os quadros do PT que participam da corrida para prefeito em Goiás.
Se, por um lado, a máquina do governo federal está apostando todas as fichas em Anápolis, por outro, Bolsonaro está disposto a marcar presença no município durante todo o processo eleitoral, um recurso que o QG petista reluta em imitar pelo medo de que a exposição de Gomide ao lado do presidente Lula cause efeito contrário na busca pelo voto dos anapolinos.
O perfil conservador da população foi atestado pelas urnas em pleitos anteriores. A avaliação do entorno político do indicado de Lula na cidade é de que o antipetismo foi o principal fator para a derrota de Gomide em 2020 — tanto que apoiadores e não apoiadores são unânimes na apresentação da saída ideal para resolver o problema: se o deputado deixasse o partido, já poderia se considerar eleito em primeiro turno.
Apesar disso, o plano nunca foi levado a sério pelo petista anapolino, que embora tente ocultar as marcas ideológicas, a cor vermelha e a figura do líder maior do PT, desde que foi anunciado como pré-candidato a prefeito, no ano passado, possui uma relação umbilical com a legenda de esquerda.
Além da polarização com o bolsonarismo, outra camada de interesse do presidente Lula é o desejo de vencer na cidade de origem do governador Ronaldo Caiado (UB), pelo simbolismo que isso representaria contra aquele que pode ser o rival de Lula em 2026.
Há até quem diga que a vitória de Gomide o credenciaria para a próxima disputa ao governo de Goiás, justamente quando, para o projeto nacional de reeleição do PT, faz muito sentido ter um cabo eleitoral capaz de reintroduzir Lula nos palanques do estado, onde até hoje o petista não fez nenhuma aparição, e nas vezes em que teve agenda divulgada, cancelou.