Para pesquisadores americanos, não há “grande diferença” na gestão privada de escolas públicas
29 julho 2015 às 13h16

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Professores de Stanford vieram a Goiás debater modelos educacionais. David Plank e Martin Carnoy afirmam que charter-schools não são consenso nos EUA

A secretária de Educação, Cultura e Esporte, Raquel Teixeira, recebeu na manhã desta quarta-feira (29/7) dois pesquisadores da Universidade de Stanford, na Califórnia. David Plank e Martin Carnoy, que são estudiosos da Educação no Brasil, concederam entrevista coletiva antes de se encontrarem com governador Marconi Perillo (PSDB), no Palácio das Esmeraldas.
Para eles, a gestão privada de escolas públicas não se difere tanto da própria gestão pública. Ao falar sobre as charter-schools norte-americanas — administração que mais se aproxima da proposta das Organizações Sociais que o governo de Goiás pretende implantar –, Carnoy explicou que há casos de sucesso nos EUA, mas outros que não prosperaram.
“É muito relativo. Alguns resultados são positivos e outros nem tanto. Em geral, o desempenho não é diferente. A média de desempenho nas charter-schools é bem próxima da nas escolas tradicionais”, explica ele.
Segundo Plank, não há experiências de charter-schools no Brasil ainda, pois o setor educacional privado é bem maior e mais forte que nos Estados Unidos. “Sendo assim, as experiências das escolas particulares são uma possibilidade de aprender como que instituições gerenciadas diferentemente podem funcionar”, complementa.
A grande vantagem do modelo “privado” é justamente a autonomia que as escolas têm para implementar mudanças. Porém, no caso da rede pública, como o corpo docente é praticamente o mesmo e a formação dos professores também é a mesma dos que estão nas escolas públicas, o resultado no ensino é, em geral, pouco aferível.
No caso das charter-schools norte-americanas há, ainda, a prática de empregar professores que estão terminando suas graduações na universidade. E é essa uma das principais propostas trazidas pelos pesquisadores ao governo de Goiás. “Ao levar esse aluno/professor para as escolas públicas, há a unificação entre teoria e prática”, defende Carnoy.
A secretária Raquel Teixeira se mostrou interessada no modelo trazido pelos pesquisadores, mas todas as mudanças hão de ser discutidas com o governador e com a categoria.
Plank e Carnoy elogiaram, ainda, os números e dados do ensino público de Goiás. Para eles, as mudanças que foram implementadas no passado começam a ter efeito agora e são responsáveis pelos bons resultados obtidos atualmente. “Comparando Goiás a outros Estados, acredito que o desempenho está crescendo”, reconheceu Carnoy.