Panorama divulgado pelo secretário Jeovalter Correia é o de que não é possível atender demandas de grevistas da Saúde e Educação com a sobra de 2014

Paulo Garcia: tem superávit. Mas, não dá para pagar os servidores | Foto: Alberto Maia
Paulo Garcia: tem superávit. Mas, não dá para pagar os servidores | Foto: Alberto Maia

Mesmo afirmando que houve superávit de RS 4,7 milhões referentes ao último quadrimestre de 2014, a Prefeitura de Goiânia alegou que não há possibilidade de atender às demandas dos servidores da Saúde e Educação em greve há mais de duas semanas.

Durante a prestação de contas nesta segunda-feira (4/5), o prefeito Paulo Garcia (PT) disse que há dinheiro em caixa, enquanto o secretário de Finanças, Jeovalter Correia, reconheceu que há dificuldades para chegar a um acordo com os grevistas.

“Existe sim problema financeiro. O prefeito falou que não existe, mas falta dinheiro para pagar a folha. E não dá para atender aos pedidos, que são muitos”, avaliou o auxiliar. O panorama é o de que o Paço Municipal não tem sustentabilidade financeira adequada para ter déficit corrente e quitar as contas até o momento.

[relacionadas artigos=”34529,34528,34537,34513″]

No entanto, os dados da receita corrente líquida anual correspondem a R$ 3,1 bilhões, aumento de 11,27% em relação a 2013.

A saída da crise seria a aprovação do projeto original de reforma administrativa como parte estratégica para enxugar a máquina pública e dar condições administrativas de gestão ao prefeito. “O corte de cargos comissionados e de funções gratificadas seria de 20% [1.110 servidores] do que estamos enxugando”, lista. Jeovalter aponta ainda que o sucesso da matéria compensa a perda de arrecadação de Goiânia no último mês, de cerca de 12%.

Para este ano, a meta da prefeitura é o investimento de R$ 72 milhões, além do pagamento de cerca de 30% da dívida flutuante.

Base resiste

Durante a prestação de contas na Câmara, Paulo Garcia disse que não há possibilidade de pagar a data base retroativa a 2014, como reivindicam manifestantes. A justificativa foi a de que o pagamento da folha dos servidores públicos está próximo do limite prudencial permitido pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), de 54%.

No entanto, alguns vereadores relataram que, se há dinheiro em caixa, é possível atender parte das demandas dos servidores em greve. Welington Peixoto (Pros) questiona o superávit divulgado pelo prefeito. “Onde está o dinheiro?”, disse, em entrevista ao Jornal Opção Online. Elias Vaz (PSB), da oposição, concordou: “Paulo Garcia precisa reconhecer os gargalos. Diz que há superávit, mas a paralisação em dois setores insiste.”

Welington reclama também da falta de diálogo entre Poder Executivo e Legislativo após a apresentação do terceiro texto da reforma. Já Jeovalter alega que, até agora, não tem conhecimento de projetos de lei complementar a serem apresentadoa pela base.

“Todos os direitos dos servidores estão garantidos, não há supressão. Se há necessidade de conversa, vamos sentar. Não é verdade que não tenha havido reunião. Já foram feitas duas com a base e participei de uma audiência pública. É evidente que nem tudo foi atendido”, contesta.

Vereadores durante prestação de contas | Foto: Alberto Maia
Vereadores durante prestação de contas | Foto: Alberto Maia

Demissão

Ao fim da coletiva, Jeovalter cogitou que estaria disposto a renunciar ao cargo de secretário de Finanças diante dos pedidos de vereadores da base, oposição e de servidores grevistas. “Tem o meu apoio o pedido dos vereadores. Só isso. Tem o meu apoio. Sou sensibilizado com essa reivindicação. Se for um pedido, vou atender de prontidão, de forma democrática”, disse aos jornalistas, sorrindo.