Empresário é preso suspeito de chefiar organização criminosa responsável por sequestrar e manter dependentes químicos em cárcere privado
01 agosto 2024 às 08h32
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Um empresário apontado como proprietário de clínicas de reabilitação clandestinas foi preso durante operação da Polícia Civil de Goiás (PC-GO) na manhã desta quinta-feira, 1º. Ele é investigado por financiar uma organização criminosa, responsável por sequestrar e manter dependentes químicos e pessoas com deficiência em cárcere privado nas comunidades terapêuticas Leão de Judá e Vale do Sol, em Aparecida de Goiânia e Anápolis.
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A PC acredita, porém, que há várias empresas de fachada espalhadas pelo estado, cujo proprietário é o empresário. Dois dependentes químicos, que participavam do esquema como funcionários das clínicas, foram presos em flagrante durante ação da PC, em 2023.
Eles também eram responsáveis por sedar e medicar os mais de 90 internos com medicamentos de uso controlado injetáveis, sem receita médica. Alguns dos produtos apreendidos são de uso exclusivamente hospitalar.
“Os investigados obtiveram vantagem econômica e patrimonial ilícita, se utilizando do dinheiro originado pela prática do crime de tráfico de entorpecente na modalidade ministrar. Ele [empresário] alugava chácaras e montava as clínicas em nome de laranjas e depois colocava dependentes químicos para administrar”, afirmou o delegado Sérgio Henrique.
Sérgio explicou que as vítimas, que possuem idades entre 18 e 90 anos, eram sequestradas em todas as partes do país, especialmente em estados vizinhos como Mato Grosso. As famílias encomendaram as internações compulsórias, que giravam em torno de R$ 2 mil mensais.
Nas clínicas, os internos eram mantidos em condições precárias de higiene, além de serem vítimas de maus-tratos por parte dos administradores. As investigações apontaram ainda que as clínicas não tinham registro de profissionais técnicos, como médicos, psicólogos e enfermeiros.
“Os internos não estavam lá porque queria, a família jogava eles lá dentro. Demoramos bastante para conseguir encaminhar todos para casa depois do resgate”, explicou.
Os investigados respondem pelos crimes de estelionato, falsidade ideológica, uso de documento falso e lavagem de capitais, por meio de uma organização criminosa. O empresário foi apresentado na Casa do Albergado, onde aguarda audiência de custódia.