Partos indígenas em Goiânia evidenciam cuidado humanizado e respeito cultura

15 setembro 2025 às 17h43

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Duas jovens indígenas deram à luz em Goiânia na última semana, em um episódio que lança luz sobre os esforços e as responsabilidades do sistema público de saúde na promoção de um atendimento materno-infantil mais inclusivo e respeitoso às diversidades culturais.
No Hospital e Maternidade Dona Íris, unidade vinculada ao Sistema Único de Saúde (SUS), Narya Kotxihereru de Andeciwuala, 15 anos, da etnia Karajá, teve seu primeiro filho por parto normal. Vindo da aldeia JK, na Ilha do Bananal (TO), Narya chegou à capital goiana há cinco meses e realizou o pré-natal na rede básica da Vila Redenção. Ela mantém viva a língua Inỹ Rybé, falada por seu povo, e relatou ter se sentido acolhida durante o processo. “Eu e minha família nos sentimos bem recebidos aqui”, disse.
A segunda gestante, Stefany Araújo Lagares dos Santos, 19 anos, da aldeia Buridina, em Aruanã (GO), passou por cesariana e deu à luz Luiz André Tximary, atualmente em cuidados na Unidade Neonatal Intermediária. Stefany foi encaminhada à maternidade pela Casa de Saúde Indígena (Casai), após acompanhamento pré-natal em Itaberaí.
Ambos os casos foram acompanhados por profissionais que, segundo a direção da unidade, seguem protocolos de humanização e atenção à diversidade cultural. A diretora-geral da maternidade, Ana Carolina Garcia, reconheceu o desafio de atender gestantes indígenas e afirmou que o hospital busca garantir que todas as mães se sintam respeitadas e seguras, independentemente de sua origem.
O secretário municipal de Saúde, Luiz Pellizzer, também comentou os atendimentos, destacando que a unidade segue diretrizes do SUS e adota práticas baseadas em evidências científicas. “É fundamental que o cuidado clínico caminhe junto com o respeito às especificidades culturais das famílias atendidas”, afirmou.
Embora os relatos indiquem avanços, os casos também evidenciam a complexidade de garantir acesso equitativo à saúde para populações indígenas, especialmente em contextos urbanos. A presença da Casai como ponte entre aldeias e centros hospitalares reforça a importância de políticas públicas que considerem trajetórias migratórias, barreiras linguísticas e o direito ao parto digno, em qualquer território.
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