Para CEO do Google, jornada de meio período pode resolver problema do desemprego global
07 julho 2014 às 12h11
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“A ideia de que todo mundo precisa trabalhar freneticamente para atender as necessidades das pessoas não é verdadeira”, analisa cofundador do principal site de buscas virtuais do mundo
Ao abordar a questão do desemprego global, também conhecido como generalizado, o CEO do Google, Larry Page, defendeu a tese de que dentre as soluções viáveis está a redução da jornada de trabalho das pessoas para meio período. A análise do cofundador do principal site de buscas virtuais do mundo vai de encontro ao ritmo de trabalho adotado pela humanidade desde a revolução industrial –– a partir da qual a força de trabalho se tornou mercadoria ––, até começar a ser substituída, na medida do possível, por processos de automação –– que por sua vez reduziram a oferta de vagas no mercado. Embora polêmica, a visão de Larry tem por base a felicidade humana e, até que ponto, essa felicidade é influênciada pelas cargas exaustivas de trabalho. As declarações neste sentido vieram quando ele concedeu entrevista Vinod Khosla, um dos fundadores da investidor Sun Microsystems.
“Se você realmente pensar sobre as coisas que precisa para ser feliz — como moradia, segurança, oportunidades para as crianças, não é difícil para nós provermos essas coisas. A quantidade de recursos que precisamos para isso, a quantidade de trabalho é bem pequena. A ideia de que todo mundo precisa trabalhar freneticamente para atender as necessidades das pessoas não é verdadeira. Eu acho que existe um problema e nós não reconhecemos isso”, disse. Na ocasião Larry afirmou pensar muito nesta questão e relatou até ter debatido a respeito com o empreendendo britânico Richard Branson. A proposta de Larry ao fundador do grupo Virgin foi a possibilidade de duas pessoas serem contratadas para cada período do dia no lugar de um para os dois turnos. O objetivo da conversa era se chegar a uma solução a atual crise de desemprego vivida no Reino Unido.
“Ao menos os jovens poderão ter emprego em meio período em vez de estarem desempregados”, argumenta Larry Page, que também acredita que a medida poderá reduzir custos aos empregadores. “A maioria das pessoas gosta de trabalhar, mas elas também gostam de ter mais tempo para a família ou para buscar seus próprios interesses. Então essa seria uma maneira de lidar com o problema, se existisse uma forma coordenada de apenas reduzir a jornada de trabalho. Assim, mesmo que o número de vagas diminua, você pode ajudar e as pessoas ainda terão empregos”.
A visão do CEO do Google, contudo, esbarra no fato de as pessoas serem consumistas, e por isso quererem obter mais e mais bens de consumo e serviço. O embate neste sentido veio do parceiro de Parry Page na criação do site de buscas, Sergey Brin. Ele acredita que não é tão fácil e que a situação próxima do pleno emprego proposta por Parry pode mudar ainda no curto prazo. “Mas as pessoas sempre querem mais coisas ou mais entretenimento ou mais criatividade ou mais qualquer coisa”, frisa Brin, para quem o sistema proposto pelo colega é imperfeito e por isso não vislumbra razões para que funcione.
Insistente, Parry Page retrucou Sergey Brin com base no argumento de que alguns conhecimentos econômicos não são mais levados em conta como o foram no passado. “Ninguém sabe realmente a resposta para essa pergunta”, rebateu.