Os réus e o ultimato dos dois irmãos generais a Figueiredo para não se meter no caso
17 maio 2014 às 11h36
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Desponta entre os seis réus o célebre general Newton Cruz, o Nini, na época chefe regional do Serviço Nacional de Informações em Brasília (SNI), que soube antes do atentado por uma fonte militar do Rio. Nini informou em seguida ao seu chefe no SNI, o falecido general Octavio Medeiros, que sonhou ser presidente na sucessão do general Figueiredo. Ele informou ao seu chefe, que nada fez.
Popular com temperamento explosivo, o cavalariano Figueiredo acalentava a discreta ideia de ser reeleito presidente (seria o primeiro caso) e ficou quieto em seu canto. Nada fez para impedir o atentado contra a massa popular que foi ao espetáculo musical do Riocentro naquela véspera de Dia do Trabalho. Depois, nada fez para apurar o caso. Ignorou tudo.
Figueiredo nada faria mesmo porque era visceralmente militar, mais para linha-dura do que para linha-mole, como se dizia na galhofa. Filho de general, tinha dois irmãos generais, Diogo e Euclydes Figueiredo Filho.
Quando se ensaiava um impasse por causa da falta de apuração, Figueiredo recebeu um recado dos dois irmãos: entre o mano e o Exército, Euclydes e Diogo ficariam com o Exército. Isso bloqueou de vez João Baptista Figueiredo.
Os réus. Abaixo do general Nini, o general Nilton Cerqueira, outra celebridade da ditadura. Na época, comandava a Polícia Militar do Rio. Colaborou com o atentado ao retirar o policiamento do Riocentro e das ruas vizinhas naquela noite.
O terceiro general, Edson Sá Rocha, denunciado por associação criminosa armada, ficou mais conhecido pelas suas peripécias criminais do que pela carreira militar. Como secretário de Defesa Civil de Alagoas nesta gestão tucana do governador Teotonio Vilela Filho, foi acusado de desviar R$ 300 milhões.
Antes, foi secretário de Segurança da Bahia, agraciado com uma denúncia de improbidade administrativa por obstrução na apuração pelo Ministério Público de 435 processos relacionados a 167 municípios do Estado.
No banco dos réus, o coronel reformado Wilson Machado foi denunciado porque participou do atentado como capitão. Dirigia o carro Puma que levava a bomba ao Riocentro no colo do sargento Guilherme do Rosário. Ao estacionar o automóvel, a bomba explodiu antes da hora e matou o sargento. Machado se feriu e depois retomou a carreira militar.
Major reformado, Divany Carvalho Barro, o “Doutor Áureo” do DOI-Codi, admitiu que escondeu provas que incriminavam militares no atentado. Responde por fraude processual. Enfim, o único civil, delegado Cláudio Guerra, é acusado de tentativa de homicídio, associação criminosa armada e transporte de explosivos.