Orum Aiyê estreia solo circense teatral “Sob(re) a pele”

26 setembro 2025 às 14h30

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“Sob(re) a pele” é um solo circense teatral, que une as habilidades no tecido acrobático à atuação do artista Matheus Alcantara, em um manifesto sobre ser negro no Brasil. A direção do espetáculo é de Marcelo Marques e o projeto tem o incentivo da Lei Aldir Blanc, operacionalizado pela Secretaria de Cultura de Goiás. O solo, que mescla circo e teatro, explora a força expressiva do corpo em movimento, que simboliza tanto os obstáculos quanto a superação vivida pela população negra.
O espetáculo faz parte do desenvolvimento da pesquisa “Solos Marginais”, do diretor Marcelo Marques. “Nesta pesquisa, busco, por meio de pessoas e personagens historicamente marginalizados, contar suas trajetórias de superação, resiliência e vicissitudes dos quais somos obrigados a nos moldar para sobreviver nesta sociedade que nos rejeita”, comenta o diretor.
Ainda de acordo com Marcelo Marques, o solo reforça a importância de manter vivas essas histórias, que nos lembram do quanto somos fortes e capazes de transformar a sociedade. “Apesar das injustiças sociais geradas pelo racismo, “Sob(re) a Pele” carrega uma mensagem de resistência e resiliência: o trabalho destaca que o povo negro, mesmo diante de tantos desafios, nunca pereceu e segue resistindo”, antecipa Marques.
No palco, Matheus Alcântara entrelaça as experiências pessoais do próprio artista, com as violências sistêmicas e opressões enfrentadas pela comunidade negra ao longo dos séculos. Essas vivências reais, tanto físicas quanto emocionais criam uma conexão visceral com o público.
Embora a educação seja vista como um caminho para a superação das desigualdades, o espetáculo revela os desafios impostos por uma estrutura social desigual e racista. A narrativa expõe que, para pessoas negras, o ambiente escolar muitas vezes se transforma em um campo de batalha, onde os enfrentamentos diários são intensificados pelo racismo estrutural, que restringe oportunidades e perpetua a exclusão.

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