Organização criminosa que explorava jogos de azar é denunciada na Justiça
21 dezembro 2020 às 19h58

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Ministério Público de Goiás ofereceu denúncia contra 41 pessoas por diversos crimes como lavagem de dinheiro. Além disso, a base da estrutura de investigação foi a mesma da Operação Monte Carlo

O Ministério Público de Goiás (MP-GO), por intermédio da 98ª Promotoria de Justiça de Goiânia, ofereceu denúncia contra 41 pessoas por associação criminosa, lavagem de capitais e de valores provenientes de jogos ilegais, além de ocultação de valores e exploração de jogos de azar. A denúncia foi recebida pela juíza Placidina Pires, da Vara dos Feitos Relativos a Delitos Praticados por Organização Criminosa e de Lavagem ou Ocultação de Bens, Direitos e Valores de Goiânia.
Segundo investigação policial realizada pela Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco), durante a Operação Garito, apontou a existência de uma estrutura criminosa bem articulada. Segundo o Ministério Público, a quadrilha atuava em três núcleos: operacional, logístico e o de lavagem de capitais.
Composto por pessoas responsáveis pelo funcionamento das casas de jogos, o núcleo operacional era dividido em subnúcleos e os proprietários das casas de jogos se organizam por regiões dentro de Goiânia. O núcleo logístico contava com os responsáveis em produzir as máquinas de videobingo utilizadas nas casas de jogos, em dar manutenção nos equipamentos, desenvolver programas para melhorar o desempenho das máquinas, fornecer peças e fazer a reposição em caso de defeito ou apreensão. Por último, o núcleo de lavagem de capitais é composto pelas empresas do chefe da organização criminosa, Arnaldo Rubio Junior e seus sócios, além de outras pessoas físicas e jurídicas que fazem parte da estrutura.
Segundo o promotor de Justiça José Eduardo Veiga Braga Filho, o inquérito policial que deu início a denúncia foi instaurado em junho de 2019, para apurar denúncias sobre a existência de casas de jogos de azar que funcionavam como cassinos clandestinos.
Foram investigadas informações complementares, oriundas do Grupo Especial de Repressão à Narcóticos (Genarc) de Valparaíso de Goiás, que apontavam a migração das casas de jogos localizadas no Entorno do Distrito Federal para Goiânia, desde a Operação Monte Carlo, realizada pela Polícia Federal em 2012. A investigação resultou na Operação Garito, no dia 19 de novembro. Nela foram cumpridos mandados de busca e apreensão nas residências e empresas dos denunciados e também de mandados de prisões, sendo colhidas as declarações dos envolvidos e testemunhas.
O promotor de Justiça explicou que a organização criminosa teve como estrutura central a empresa Jacundá Empreendimentos Imobiliários Ltda, criada por Arnaldo Rúbio Junior, chefe do esquema criminoso. Após quebra de sigilo bancário e fiscal foi possível identificar que algumas empresas foram criadas por Arnaldo Rubio Junior para realizar a lavagem de valores ou ocultar os valores recebidos pelas casas de jogos ilegais. Segundo o promotor de justiça, as empresas criadas também serviam para a lavagem de capitais, bem como dar suporte às casas de jogos, utilizando-se de seus CNPJs para adquirir equipamentos eletrônicos para a montagem de máquinas caça-níqueis.
Além de manter caça-níqueis e videobingos ilegais, Arnaldo Rubio Junior mantinha produtos lícitos em seu arsenal. “Através de suas máquinas distribuídas em estabelecimentos comerciais para realizar apostas e, de forma on-line, são oferecidos jogos do bicho, com a abreviação JB e produtos de caráter duvidoso quanto à legalidade, como apostas em jogos esportivos, riscadinhas e o Real Cap”, relata a peça acusatória.