Oposição se adianta, fisga Bloco Moderado e deve tirar presidência do PMDB/PT
06 dezembro 2014 às 18h17
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Thiago Albernaz (PSDB) assegura que vereadores se articulam em favor de uma Câmara menos subserviente. Promessa de “independência” cativa e Blocão teria 23 votos
A semana que vem será decisiva para os próximos dois anos da gestão do prefeito Paulo Garcia (PT). Com baixa popularidade, o chefe do Executivo goianiense tem um novo desafio se avizinhando — e não é a votação da Planta de Valores. Está marcada para a quinta-feira (11/12) a eleição da próxima mesa diretora da Câmara Municipal de Goiânia e fortes indícios de que o petista vai perder o lugar mais importante da Casa começam a se evidenciar.
Com o afunilamento das discussões, o Bloco Moderado — fator decisivo para o resultado — já escolheu seu lado: vai de oposição. Na verdade, como explica o vereador Thiago Albernaz (PSDB), o chamado Blocão, composto por cerca de 23 vereadores, está empenhado em tirar a dobradinha PMDB/PT do poder. Em entrevista na sede do Jornal Opção, o tucano contou que a sexta-feira (5/12) foi decisiva para a formação da pretensa chapa-candidata.
Em almoço com cerca de 17 outros vereadores, ele revelou que a união já está quase certa, só falta aparar arestas. “O desejo é de um presidente do diálogo, que institua uma Câmara participativa e menos subserviente às vontades do Paço”, resumiu. Desejo este compartilhado por 23 parlamentares, garante ele. O número é mais que suficiente para dar início à votação após a sessão normal de quinta e também para eleger a mesa. “Se chegarmos a um acordo, ao consenso que estamos imaginando, vamos bater a eleição tranquilamente”, afirma o tucano.
Apesar de nada definido ainda, já que as negociações tomam corpo mesmo neste fim de semana e na segunda e terça (8 e 9 de novembro), o plano da oposição não é eleger o presidente. Na verdade, mesmo não sendo confirmada por Thiago, para evitar a debandada dos parlamentares que transitam entre os dois lados, a ideia é dar o posto mais alto a um deles, como Zander Fábio (PSL) ou mesmo Wellington Peixoto (Pros). Anselmo Pereira (PSDB) é um nome forte, pois agrada a “palacianos e pacianos”, mas o tucano veterano parece não conseguir se viabilizar.
De qualquer forma, Thiago comemora o resultado da reunião e mostra total desprendimento quanto ao nome. “Talvez possa até haver uma votação interna para definir a cabeça dessa chapa”, reconheceu. No entanto, o perfil procurado pelos componentes do Blocão já está bem desenhado, e esse é o mais importante. “Aquele candidato que, para se eleger presidente, muda de grupo, vira ‘pombo fora do ninho’, não terá vez, como já aconteceu antes”, alfineta, e segue: “é muito mais fácil surgir um acordo entre oposição e situação do que um azarão”.
Cláusula pétrea
Thiago Albernaz elencou outro discurso muito importante para a união do Blocão. Em face da moeda de troca batida da prefeitura para arrebanhar vereadores, as famosas emendas-presentes oferecidas para que cada um deles realize obras em seus redutos eleitorais, surgiu a emancipação. “Um presidente que exija o Orçamento Impositivo é o primeiro critério para montar as chapas”, argumenta.
E o clamor não vem só da oposição não. “A própria base aliada do prefeito tem reclamado”, lembra. E pode-se ir mais além: o próprio Paulo Garcia já fez o compromisso de que vai “trabalhar” pelo projeto. “Mas não dá para confiar”, alerta o tucano.
De qualquer forma, a tão distante autonomia do Poder Legislativo — por vezes conhecido como Secretaria Municipal Legislativa — será pauta do próximo mandato — e mandatário — da Casa. “Os próprios membros da mesa diretora atual não sabem das coisas que acontecem por lá. Cansou”, enfatiza o vereador.
Influências
Como líder do governo estadual na Câmara, Thiago voltou a destacar o interesse do tucano-chefe na eleição da mesa. “Marconi não está deixando o pleito passar despercebido não. Mas é claro que existe uma conjuntura, naturalmente”, relata, sem dar muitos detalhes.
Já para o prefeito, eleger o sucessor do posto mais alto do Legislativo goianiense é questão de “sobrevivência”. “Mesmo que não seja o candidato dele o eleito, tenha certeza que ele vai querer criar um diálogo. É a esperança para os dois próximos anos”, explica.
Entretanto, Thiago destaca: “é uma prioridade para a gestão de Paulo Garcia eleger a nova mesa. Não é a toa que ele está deixando essa discussão do IPTU se arrastar até agora”. Inclusive, para ele, é fato consumado: “a alíquota de 57,8% não passa”.