Cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan, apontou que até agora indícios não foram convincentes para aprovar método de tratamento, a não ser como terapia experimental

Coronaviruses research, conceptual illustration. Vials of blood in a centrifuge being tested for coronavirus infection.

Nesta segunda-feira, 24, a Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu cautela quanto ao uso de plasma de pacientes recuperados de Covid-19 para tratar os doentes. Segundo a OMS, os indícios que apontam sua eficiência são de “baixa qualidade”.

No último domingo, 23, os Estados Unidos (EUA) aprovaram o método de tratamento com o chamado plasma convalescente, que é usado há tempos para tratar outras doenças. A técnica se baseia na retirada de plasma rico em anticorpos de pacientes que se recuperaram da Covid-19 para colocá-los nos que estão infectados.

A cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan, apontou que só alguns testes clínicos com plasma convalescente produziram resultados, e que até agora os indícios não foram convincentes o bastante para aprová-lo, a não ser como terapia experimental.

“No momento, ainda são indícios de muito baixa qualidade”, disse Swaminathan em entrevista coletiva. “Por isso, recomendamos que o plasma convalescente ainda seja uma terapia experimental, ele deveria continuar sendo avaliado em testes clínicos aleatórios bem concebidos.”

Efeitos colaterais

Um estudo chinês indicou que o plasma de duas pessoas que se recuperaram do novo coronavírus não fez diferença em pacientes hospitalizados. Já outra análise mostrou que ele pode diminuir o risco de morte.

Swaminathan afirmou que a variabilidade do plasma é um desafio, já que por ele ser colhido de muitas pessoas produz um resultado menos padronizado do que os anticorpos monoclonais criados em laboratório.

O conselheiro-sênior da OMS, Bruce Aylward, alertou para os riscos de segurança em potencial que precisam ser verificados. Aylward afirmou que existem vários efeitos colaterais, que vão de febres suaves a lesões pulmonares graves ou sobrecarga circulatória. “Por essa razão, os resultados de testes clínicos são extremamente importantes” completou.