Olaf Scholz perde voto de confiança no Parlamento e Alemanha se prepara para eleições antecipadas
16 dezembro 2024 às 17h09
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O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, sofreu um duro revés político ao perder o voto de confiança no Parlamento nesta segunda-feira, 16. O resultado esperado marca o colapso do governo Scholz, pavimentando o caminho para eleições antecipadas previstas para fevereiro de 2025.
Com 394 votos a favor da dissolução do governo, 207 contrários e 116 abstenções, o Bundestag (Parlamento alemão) demonstrou a fragilidade da coalizão liderada por Scholz.
A moção de confiança, mecanismo utilizado em regimes parlamentaristas para reavaliar a liderança governamental, foi convocada em meio à crise política que se instaurou em novembro, após Scholz demitir o ministro das Finanças por divergências sobre a política econômica do país.
O presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, terá até 21 dias para decidir se dissolve o Bundestag, que atualmente conta com 736 assentos. Caso decida pela dissolução, a lei eleitoral alemã prevê a realização de novas eleições em até 60 dias, com a data sendo definida pelo próprio presidente.
Mesmo com a derrota, Scholz continuará no cargo de chanceler até a formação do novo Parlamento após o pleito. A decisão de Scholz de demitir o ministro das Finanças gerou uma reação em cadeia: os demais ministros liberais, membros de sua coalizão, renunciaram, deixando o governo sem maioria parlamentar.
Formado por uma aliança entre social-democratas, ecologistas e liberais, o gabinete de Scholz já enfrentava dificuldades para aprovar medidas essenciais. A crise ocorre em um momento delicado para a Alemanha, a maior economia da União Europeia, que lida com tensões crescentes relacionadas à guerra na Ucrânia e à pressão econômica interna.
Este é um evento raro no cenário político alemão, sendo apenas a quarta eleição antecipada em 75 anos de história moderna do país. As pesquisas indicam que o Partido Social-Democrata (SPD), de Scholz, enfrenta grandes dificuldades.
O bloco de centro-direita, liderado por Friedrich Merz, aparece como favorito para assumir o governo. O vice-chanceler Robert Habeck, representante dos Verdes, também anunciou sua candidatura, mas a popularidade de seu partido está em declínio.
Enquanto isso, a Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema-direita, que vem ganhando espaço, nomeou Alice Weidel como candidata a chanceler. No entanto, o isolamento político do partido reduz suas chances de formar governo, já que os principais partidos se recusam a trabalhar com ele.
A última vez que a Alemanha enfrentou uma moção de confiança foi em 2005, durante o governo de Gerhard Schröder. Na ocasião, a derrota levou à ascensão de Angela Merkel, que se tornou uma das líderes mais influentes da história recente da Alemanha.
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