O PT ensaiou no Alvorada um modelo de defesa na crise que exige mais da Petrobrás
13 dezembro 2014 às 12h17
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A disposição do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em denunciar a corrupção do petrolão pairou com uma força inesperada na longa conversa da presidente Dilma com Lula e outros companheiros naquela mesma terça-feira, no Alvorada. Mas o que vazou indica que o PT deseja mais dinheiro da Petrobrás — e não austeridade.
Com os olhos no retorno de Lula ao Planalto dentro de quatro anos, companheiros desejam proteger os negócios das empreiteiras, vítimas há um mês de nova etapa da Operação Lava Jato, de modo a permitir a realização de obras no segundo governo Dilma. Entre outras coisas, a Petrobrás bancaria o pagamento de terceirizados pelas construtoras em dificuldades.
O problema seria convencer o Ministério Público Federal, chefiado por Janot, a ser compreensivo com questões sociais, como a garantia de emprego, salários e direitos trabalhistas de pessoas empregadas por fornecedores da petroleira. A agressividade recente do procurador-geral pode ser um recurso dele para afastar o MPF da nova trama.
Quem esteve no Alvorada relata que Dilma se chocou com a fala de Janot contra a corrupção. Considerou que o procurador cobrava ação dela. Centralizadora e dominadora, ela detesta cobranças, não gosta de prestar contas. Classificou como escândalo a sugestão para a demissão da diretoria da Petrobrás. Chocou-se porque Janot afirmou que o país se “convulsionou” diante do petrolão.
A presidente não aceitou que o país seja extremamente corrupto, na fala do procurador. Desapontou-se com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, porque não teria defendido o governo com o vigor e argúcia que ela recomendou ao pedir que respondesse a Janot. Trata-se de algo que pode desviar de Cardozo a vaga de ministro aberta no Supremo Tribunal Federal.