O marketing demonstrou que seria melhor negócio não deixar a CPI terminar em branco
20 dezembro 2014 às 10h36
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Sob pressão do relatório alternativo da oposição, onde revelaria aquilo que o governo escondeu na CPI da Petrobrás, o PT, como a presidente Dilma, demonstrou que pode admitir irregularidade na petroleira, mas sem comprometer partidos, políticos ou atuais diretores da estatal, muito menos a chefe da diretoria, Graça Foster.
Foi alterado o primeiro relatório governista, que não encontrou nada de errado, nenhum vestígio de um tal petrolão. A nova versão, aprovada definitivamente na quinta-feira, é um pouco dura, mas sem amolecer muito. Contra 8 votos da oposição, 19 governistas decidiram que 52 pessoas são responsáveis por irregularidades. Elas já respondem à Operação Lava Jato.
Além disso os 52 são apenas antigos diretores da Petrobrás ou executivos das empreiteiras que pagavam propinas ao petrolão e, em troca, superfaturavam os serviços prestados à petroleira. São três antigos diretores: Paulo Roberto Costa, que geria o esquema; Renato Duque, ex-tesoureiro do PT; e Nestor Cerveró, que participou da compra da Refinaria Pasadena.
O marketing determinou a mudança do comportamento governista na CPI. A mudança não se originou de consciência pesada de políticos do governo. A boa repercussão na mídia do relatório alternativo da oposição comprovou que aquele, sim, correspondia à imagem que as denúncias sobre o petrolão formaram na sociedade. Aquele outro relatório, em branco, se chocava com a realidade das ruas.
Além disso, a oposição prometia levar seu relatório alternativo ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que encaminha à Justiça os fatos apurados no petrolão. Aí, o governo mudou de ideia, mas a oposição continua disposta a levar seus papéis e comprovantes de culpa a Janot, numa operação que chegará ao público.