Augusto Aras nunca deixou claro seu posicionamento sobre a operação e, em determinados momentos, chegou a criticar a forma como era conduzida

Augusto Aras foi indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para chefiar a Procuradoria-Geral da República | Foto: Reprodução

Documentos obtidos pela revista Crusoé mostram que o indicado do presidente Jair Bolsonaro para chefiar a Procuradoria-Geral da República, Augusto Aras, tem 60% de participação no escritório Aras e Advogados Associados, na Bahia, onde diz fazer apenas consultoria e teria largado a advocacia há quase dez anos.

Além disso, a indicação do advogado acendeu um alerta entre os procuradores da PGR que atuam na Operação Lava-Jato, porque Aras nunca deixou claro seu posicionamento sobre a operação e, em determinados momentos, chegou a criticar a forma como era conduzida, segundo a revista Crusoé. Se o seu nome for aprovado pelo Senado Federal, ele ditará o ritmo como as investigações prosseguirão.

“Não tenho escritório de advocacia que eu frequente, eu não tenho militância, embora, repito, poderia ter escritório, poderia ter cliente, poderia advogar, poderia ter tudo isso. Mas na qualidade de professor da UnB (Universidade de Brasília), subprocurador com atividades na área penal, eu não tenho tempo para fazer isso e cumprir minha pauta funcional”, afirmou Aras em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, em agosto deste ano.

O escritório que carrega o sobrenome de Augusto Aras foi fundado em 1999, em Salvador, onde o advogado figurava como sócio com 25% da banca. Essa participação foi aumentada para 60% nos últimos anos, em seis alterações contratuais e movimentação de entrada e saída de novos sócios, todos registrados nas Juntas Comerciais de Salvador. Em 2009, uma filial do escritório foi aberta em Brasília.