O fim da carreira de Pelé e seu encontro com Ghiglia

01 outubro 2025 às 13h30

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O jornalista Nivaldo Prieto contou uma história maravilhosa no podcast Flow. Ele se encontrou com Pelé antes do embarque para o voo que os levaria até Joanesburgo, África do Sul, para a Copa do Mundo de 2010. Pelé se sentou na primeira fileira do avião e Pietro, quatro fileiras atrás. Eis que um senhor se sentou ao lado do jornalista e perguntou se conhecia Pelé e se ele poderia conhecê-lo também. Pietro perguntou o nome daquele senhor. “Ghiglia”, respondeu ele. Quando o jornalista vai até a poltrona onde estava Pelé e o informa quem era a pessoa que queria conhecê-lo era como se o Rei do Futebol voltasse a ser o menino Edson. “Ghiglia? Ele fez meu pai chorar e eu falei que iria dar uma Copa do Mundo para ele” disse Pelé emocionado. Os dois históricos jogadores se encontraram e deram um abraço.
João Ramos do Nascimento chorou muito o gol do Ghiglia que deu a vitória para o Uruguai na final da Copa do Mundo de 1950, no Maracanã lotado. O menino Edson Arantes do Nascimento se comoveu com o pai e prometeu um título mundial. Oito anos depois, lá estava Pelé, com 17 anos, cumprindo a sua promessa. Talvez foi por isso que ele chorou tanto nos ombros do goleiro Gilmar após a final contra a Suécia. Aquele menino não apenas curaria a ferida de 1950, mas daria outras tantas alegrias para os brasileiros. Com ele, fomos tricampeões mundiais e, na Copa de 1970, o Brasil pode finalmente vingar do Uruguai na semifinal.
Pelé começou sua carreira no Santos, conquistando títulos e driblando os adversários. Todo mundo queria ve-lo jogar. Em 1969, o Santos fez uma excursão pela África. Ao chegar no Congo, a fama de Pelé era tanta que até os inimigos pararam a guerra para vê-lo jogar. Ele conseguiu associar a sua imagem com a do seu próprio país. Quem ouvir falar “Brasil” já emendada “Pelé”.
Em 1975, para popularizar o futebol nos Estados Unidos, Pelé jogou pelo Cosmos de Nova York. Fez gols, driblou adversários. Foi no campo norte-americano que ele encerrou sua carreira, no dia 01 de outubro de 1977. Era o fim de uma era no futebol. O homem que fez mais de mil gols, três vezes campeão do mundo, multicampeao pelo Santos, colocava um ponto final em sua carreira falando “Love, Love, Love”.
E foi esse amor que o conduziu naquele corredor de avião, rumo a Copa de 2010, a abraçar o carrasco da seleção brasileira no Maracanã. As lágrimas de João Ramos do Nascimento e a promessa do menino Edson fizeram Pelé ser o maior jogador de futebol que este mundo já viu.