COMPARTILHAR

O Brasil não sabia se aplaudia Ulysses Guimarães pela promulgação da Constituição Cidadã ou pelo seu aniversário de 72 anos. O Presidente da Assembleia Nacional Constituinte já tinha seu nome inscrito em nossa história e aquele outubro de 1988 coroava sua atuação na política brasileira. Ulysses nasceu em 6 de outubro de 1916, na cidade paulista de Itirapina. Minha mãe sempre teve uma grande admiração pelo Ulysses Guimarães e sempre me lembro dela elogiando o político honesto que ele foi. Aliás, nós dois assistimos juntos o documentário “Ulysses Cidadão”, que eu loquei na Cara Vídeo. Quem dera se os políticos de hoje se espelhassem no Dr. Ulysses.

Ele foi advogado formado na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, da USP. Ulysses presidiu a Câmara dos Deputados em várias legislaturas e acompanhou de perto o desenrolar político do século passado. Durante a ditadura militar, Ulysses foi opositor e, a partir da década de 1970, teve um papel de destaque no MDB, partido oposicionista. Na transição dos governos Emílio Médici e Ernesto Geisel, Ulysses lançou sua anticandidatura, um posicionamento firme contra as eleições indiretas para Presidente. Ele e seu vice Barbosa Lima Sobrinho percorreram o Brasil defendendo a democracia e atacando os desmandos dos ditadores.

Nos anos 1980, os brasileiros viram dois senhores liderando multidões durante a campanha pelas Diretas. Ulysses e Tancredo Neves conseguiram unir as oposições em defesa das eleições presidenciais diretas em 1985. A Emenda Dante de Oliveira não foi aprovada pelo Congresso, mas os dois não desanimaram na luta pela democracia. Ulysses foi Presidente da Assembleia Constituinte que promulgou a nova (e atual) Constituição brasileira. A sua popularidade não foi transformada em votos, pois obteve votação ínfima nas eleições presidenciais de 1989. Ele ainda acompanhou o processo de impechement de Fernando Collor de Mello e acompanhou a votação que afastou o presidente do poder. Ulysses Guimarães morreu em 12 de outubro de 1992 em um acidente de helicóptero em Angra dos Reis. Seu corpo desapareceu no mar confirmando os versos de Fernando Pessoa: “Navegar é preciso, viver não é preciso”.