Secretária da Fazenda explica razões que levaram governo federal a reavaliar companhia goiana e diz que decisão agilizará desestatização

Governador Marconi Perillo e secretária Ana Carla Abrão durante hangout nesta semana | Foto: Eduardo Ferreira
A secretária da Fazenda de Goiás, Ana Carla Abrão, explicou, em entrevista ao Jornal Opção, que a reavaliação do preço da Celg-D, apresentada pelo governo federal nesta quarta-feira (14/9), já era esperada pelo Estado e considera a medida benéfica ao processo de desestatização.
O conselho do Programa de Parcerias de Investimento da presidência da República (PPI) aprovou o novo valor da companhiam de R$ 4,448 bilhões. Como o futuro acionista terá que assumir dívidas e outras obrigações no total de R$ 2,656 bilhões, o valor líquido referente às ações da empresa ficou em R$ 1,792 bilhão.
“Entendemos que de fato estamos falando do preço adequado, atualizado. Com isso, haverá mais interessados e garantirá que o leilão seja um sucesso. Estamos confortáveis com a ravaliação. Além disso, a privatização da Celg faz parte do PPI [Programa de Parceria de Investimentos] do presidente Michel Temer, o que atrairá mais investidores estrangeiro”, relata.
No primeiro leilão, realizado em agosto deste ano e que acabou deserto, o valor inicial era de R$ 2,8 bilhões. A secretária explica dois principais motivos levaram ao valor “superestimado”. O primeiro deles diz respeito aos balancetes levados em conta para formulação do edital, eram referentes a junho de 2015. “Não foi considerada a deteriorazação da empresa nos últimos 12 meses”, destaca.
O segundo — que já havia sido constatado pelo próprio Ministério das Minas e Energia — é a crise financeira/política que assolou o País no último ano. “O ambiente macroeconômico, que leva em conta uma série de fatores, como o próprio prêmio de risco dos papeis do mercado, acabaram afetando a composição do valor da companhia. Ninguém imaginava que a situação estaria tão ruim”, completa ela.
Questionada sobre o valor que será recebido pelo governo de Goiás (que detém 49% das ações) da venda da Celg, a secretária reconhece que é menor do que a projeção inicial — que ultrapassava a casa do bilhão –, mas se mostra confiante.
“Caiu de R$ 1,4 bi para R$ 600 milhões, sim. Só que o importante é que resolveremos o problema da Celg de uma vez por todas. A privatização vai permitir aporte de recursos, garantirá o pagamento do ICMS em dia, o desenvolvimento da empresa e, acima de tudo, um serviço de qualidade à população”, garante.
Ana Carla Abrão lembra ainda que, hoje, a companhia elétrica é um gargalo de infraestrutura no Estado que precisa ser resolvido: “Empresas e indústrias deixam de se instalar em Goiás por essa insegurança”.
A expectativa do governo de Goiás é que o novo leilão seja realizado ainda neste ano (final de novembro ou começo de dezembro), mas dependerá de assembleias gerais e trâmites legais no governo federal.
Sem boataria
Ana Carla Abrão dedicou uma parte da entrevista ao Jornal Opção para desmistificar boatos que vêm sendo lançados. O primeiro deles diz respeito a supostos aumento de preço da tarifa e perda de qualidade no serviço da Celg.
“Política tarifária independe da natureza da empresa. Quando o governo federal, no ano passado, decidiu aumentar a tarifa da energia elétrica, a Celg, mesmo sendo controlada pela Eletrobras, teve que seguir as regras. Uma concessão pública [privatizada] segue regulada pela agência competente [Aneel] e tem metas de qualidade rigorosas. Ademais, os preços tarifários têm que ser aprovados. Tenho certeza que a Celg oferecerá serviço mais eficiente, de alta qualidade e com uma capacidade de expansão muito maior”, assegurou.
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