Pesquisa realizada por instituto de bioética e pela UNB mostra que 20% das brasileiras terão feito um aborto ilegal até o final da vida reprodutiva

A segunda edição da Pesquisa Nacional de Aborto (PNA) aponta que 20% das mulheres brasileiras terão feito ao menos um aborto ilegal ao final da vida reprodutiva. Realizado em 2016 pelo Anis Instituto de Bioética e pela Universidade de Brasília (UNB), o estudo mostra que, apenas em 2015, mais de 500 mil mulheres interromperam a gravidez.

Segundo a pesquisa, a mulher que aborta tem entre 18 e 39 anos, é alfabetizada, de área urbana e de todas as classes socioeconômicas, sendo que a maior parte (48%) completou o ensino fundamental e 26% tinham ensino superior. Do total, 67% já tinha filhos. A pesquisa aponta ainda que a religião não é impeditivo para o ato, pois 56% dos casos registrados foram praticados por católicas e 25% por protestantes ou evangélicas.

“Há tanto aborto no Brasil que é possível dizer que em praticamente todas as famílias do país alguém já fez um aborto – uma avó, tia, prima, mãe, irmã ou filha, ainda que em segredo. Todos conhecemos uma mulher que já fez aborto”, conclui o levantamento, que trata o tema como questão de saúde pública.

A publicação do Ministério da Saúde “20 anos de Pesquisa Sobre Aborto do Brasil”, de 2009, também traçou um perfil de quem interrompe a gravidez no país. Segundo a pesquisa, são “predominantemente mulheres entre 20 e 29 anos, em união estável, com até oito anos de estudo, trabalhadoras, católicas, com pelo menos um filho e usuárias de métodos contraceptivos, as quais abortam com misoprostol [remédio abortivo popularmente conhecido como Cytotec]”.

Ilegal no Brasil, o abordo volta ao debate da sociedade com uma nova ação, do PSOL, que chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a descriminalização (até a 12ª semana de gestação e em qualquer situação). (As informações são da Agência Brasil)