Nem foice e martelo; nem baioneta e fuzil!
04 abril 2018 às 13h09
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Por Ricardo Correia
Acirram-se os ânimos dos brasileiros, em decorrência da cisão induzida pelo discurso do “nós e eles”, lema cunhado pela “escola petista” que insiste em enxergar o mundo como um lugar bipolar, onde alguns tem que sempre estar contra os outros. Inominados, ambos os lados vestem a carapuça e começam a cair nessa armadilha competitiva de posar aos olhos da mídia e redes sociais, para ver quem grita mais, ou quem pode mais.
Não por acaso afloram as argumentações das mais variadas em defesa desses dois lados, caminhando para radicalizações, atos de vandalismo, até tiros. Daqui a pouco estaremos novamente vendo coquetéis molotov e cercos a cidadãos de bem com Urutus e bombas de gás. Nem de longe isso é o Brasil que os brasileiros querem.
O Brasil é uma sociedade predominantemente de descendência predominantemente ibérica. Segundo o historiador Sérgio Buarque de Holanda, em seu livro Raízes do Brasil, fica claro que na nossa cultura, e óbvio que em nosso povo, estão enraizados três conceitos de vida fundamentais: a prevalência do desejo de lazer sobre o trabalho; a primazia do individual sobre o coletivo; e a realidade de instituições frágeis.
Com relação ao lazer, saudável o é, mas conhecemos a fábula da “formiga e a cigarra”. Ou seja, com o devido equilíbrio, nada a condenar pelo lazer e sabemos o quão trabalhador é o povo brasileiro. Com relação ao individual sobre o coletivo, parece bem claro que nossa sociedade está a quilômetros das ideologias que tentam colocar todos no mesmo balaio, com a implantação de teses comunistas, mesmo que disfarçadas de bondade aos menos favorecidos.
O Comunismo, fracassado no mundo inteiro, insiste em colocar na pauta dos brasileiros, principalmente na pauta eleitoral, que os “eles” devem ser extirpados do solo pátrio, a bem de todos. A grande questão é que esta ação provoca reações do outro lado e avulta-se ainda mais a bipolaridade e a exaltação de ânimos – um perigo real se instala.
Por fim, a fragilidade das instituições agrava a cena. É impensável que após 500 anos de “descobrimento” uma das mais elevadas instituições, o STF, ainda tenha que se equilibrar em desculpas esfarrapadas na discussão vergonhosa dos limites de aplicação das penas. Para nós, leigos, que estamos sendo forçados a ouvir aulas e aulas de juridiquês, é uma vergonha nacional pensar que a Alta Corte e o Legislativo não tenham ainda achado o caminho da legalidade num tema tão corriqueiro como prender criminosos.
Num país no qual o guardião da Lei demonstra que a Lei a cada ano tem uma aplicabilidade diferente, mostra claramente que não tem Lei. E isso levanta foices, martelos, baionetas e fuzis. Aonde vamos? Fica a pergunta.
Ricardo Correia é engenheiro Civil, empresário, ex-presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO), ex-diretor do Sindicato da Indústria da Construção no Estado de Goiás (Sinduscon-GO) e ex-vice-presidente da Celg.