Leilão de arroz: anulação de compra tranquiliza indústria que teme prejuízos

12 junho 2024 às 19h56

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A anulação do leilão de compra internacional de 263,7 mil toneladas de arroz anunciada pelo governo federal nesta terça-feira, 11, foi bem vista pelos produtores rurais de todo o país, inclusive de Goiás, que eram contra a importação do alimento.
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A compra era uma alternativa do governo Lula (PT) de evitar desabastecimento, mesmo com a afirmação do setor produtor de que a safra colhida antes das enchentes do Rio Grande do Sul, principal produtor de arroz do país, seriam suficientes para manter o mercado.
A concretização da compra, segundo o secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Pedro Leonardo Rezende, traria prejuízos milionários não só ao estado, mas a todo o país. A injeção do arroz estrangeiro afetaria o valor de mercado do grão produzido nacionalmente, fazendo com que os preços caíssem.
“Em tese não tem justificativa para a importação, visto que esse desabastecimento não se concretizou. Essa eventual importação poderia causar um desequilíbrio na oferta de arroz, principalmente no mercado interno. Qualquer quantidade de arroz que possa vir de outros centros produtores vai impactar na oferta”, explicou.
A importação também desestimularia a produção regional, de acordo com Pedro. Goiás conta com 1.105 produtores de arroz, conforme o último Censo Agropecuário divulgado em 2017. A safra de 2024 chegou a 125 mil toneladas no estado, o que representa menos de 50% frente às 300 mil toneladas que a indústria goiana necessita.
Mesmo tendo 30 mil hectares de terra usados para o cultivo do grão, Goiás importa 80% do grão consumido no estado, visto que parte da produção regional é enviada às outras unidades da federação. O principal fornecedor é o Rio Grande do Sul.
Os maiores produtores de arroz do estado são São Miguel do Araguaia e Flores de Goiás, únicos municípios goianos em que o cultivo é realizado em áreas alagadas como observado no Sul do país. As cidades de São João d’Aliança e Piracanjuba também se destacam pela produção, mas em menor quantidade.
“Os pequenos produtores, localizados na região do Entorno de Brasília, podem ser desmotivados a produzir arroz. Isso pode levar a uma menor produção no ano que vem, fazendo com que o estado e o Brasil percam arrecadação”, afirmou o assessor técnico da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Leonardo Machado.
Aumento na produção
Os rumores de desabastecimento fizeram com que a produção de arroz em Goiás e em todo país disparasse, segundo o chefe da divisão de arroz e feijão da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Elcio Guimarães.
Elcio afirmou que a possível falta do produto no mercado em 2025 e o consequente aumento dos preços, sem visar a importação, estimularam o produtor. Porém, o anúncio da compra do grão do mercado extrangeiro trouxe preocupação.
“Mesmo em pequena produção, a cultura do arroz em sistemas de produção irrigados por pivô tem crescido em Goiás. Nós tínhamos 10 mil hectares há um ano atrás e hoje temos quase 30 mil hectares. A projeção que estamos fazendo para os próximos três anos é de que a produção do estado seja autossuficiente”, concluiu.
A reportagem procurou o Sindicato da Indústria do Arroz do Estado de Goiás – SIAGO – mas o sindicato optou por não se pronunciar.
Leilão de arroz: anulação de compra tranquiliza indústria que teme prejuízos
Deputado Pedro Lupion (PP-PR), presidente da FPA, falou ontem, 11, ao vivo no programa ‘Análise WW’ da CNN, sobre a devolução da MP do Fim do Mundo e a importância da mobilização da FPA para alcançar essa vitória. Lupion destaca que esta é uma conquista de todo o setor produtivo, reiterando a importância das mais de 30 Frentes Parlamentares que se uniram para mostrar o equívoco do governo em relação à MP. O parlamentar comentou ainda sobre as recentes polêmicas envolvendo a questão da importação de arroz.
A deputada federal Marussa Boldrin, integrante goiana da FPA, se posiciou contra a importação de arroz assim que a medida foi anunciada pelo governo federal. O posicionamento baseou-se nos estudos da CNA e FPA no impacto negativo que a medida traria para a economia brasileira.
A deputada entende as dificuldades encontradas pelos produtores do Rio Grande do Sul, que enfrentaram chuvas fortes e inundações devastadoras. No entanto, a Federação Nacional dos Produtores de Arroz já havia confirmado que o abastecimento está garantido. Segundo a pesquisa do Instituto Rio Grandense de Arroz, existem, inclusive, grãos ainda a serem colhidos no estado.
Quanto ao certame ter sido cancelado a deputada também se posicionou se colocando vigilante contra processos que tenham sua lisura questionável e anunciou que continuará atenta para não permitir que ações assim prejudiquem o Brasil.
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