Com cerca de 30 mil títulos, unidade em Goiânia vende projetos e equipamentos para driblar crise e avanço de serviços de streaming

Videolocadora na T-63, em Goiânia – Foto: Jornal Opção

Em 2017, as videolocadoras vivem o pior momento desde o surgimento do segmento na década de 1980. Tanto as grandes redes quanto as pequenas lojas de bairro enfrentam dificuldades para continuarem com as portas abertas na era da Nextflix e com um vasto catálogo de downloads na internet, sejam eles legais ou ilegais.

No meio dessa época de transição, algumas poucas continuam funcionando. Em Goiânia, é o caso da Miami Vídeo, que fica na Avenida T-63, no Setor Bueno. O dono, Eduardo Fleury, teve que se reinventar para que seu negócio continuasse funcionando – e ainda por cima dando lucro. “Hoje, além do aluguel e venda de mídia, fazemos projetos de áudio e vídeo e vendemos equipamentos de áudio e vídeo”, explicou em entrevista ao Jornal Opção.

A estimativa dele é de que hoje a videolocadora tenha em seu acervo aproximadamente 30 mil filmes nos formatos DVD e Blu-Ray. “Somos a única com essa proporção em Goiânia”, vangloriou-se.

Apesar da queda no movimento, ele garante que cerca de 90 novos cadastros são feitos a cada mês. “O aluguel ainda é feito para quem gosta de qualidade e prefere a mídia. Quem utiliza os serviços de streaming, como a Netflix, perde muito em qualidade de vídeo e áudio”, disse.

A partir da venda de equipamentos e projetos, ele diz que tem oportunidade para educar as pessoas sobre a importância das mídias para a qualidade do filme ou show que será assistido. “É clara a diferença de uma música baixada no Youtube para um show no Blu-Ray. As pessoas percebem na hora”, garantiu.

Eduardo Fleury e João Neto, dono e funcionário de videolocadora em Goiânia – Foto: Jornal Opção

Mesmo assim, ele admite que o rendimento caiu bastante nos últimos três anos. ” O aluguel caiu por causa da crise econômica. Em quase 26 anos de loja, a maior crise que passei foi de 3 anos para cá, que secou tudo e afetou todas as áreas. Além disso, os serviços de streaming com certeza ajudaram na queda”, explicou.

Reinvenção

A relação com os clientes também é um ponto diferencial no atendimento da videolocadora. Como o ritual de procurar filmes na prateleira foi hábito na décadas de 80 até 2010, conquistar os antigos clientes e valorizar os novos é um ponto forte. “A locadora abriu em 1992 e estou aqui desde 1994”, disse o vendedor João Neto Soares.

“Existe abertura de novos cadastros. A diferença é que esse novos clientes não têm a mesma frequência dos que abriam fichas antigamente”, afirmou. Segundo ele, alguns ainda desejam continuar com o hábito, mas a falta de tempo e correria acabam atrapalhando.

A analista judiciária Elizabeth Lugão, que é cliente da videolocadora, apoia que as videolocadoras sejam mantidas, apesar do avanço das tecnologias. “Alguns filmes não são encontrados para download, e, quando são encontrados, são de baixa qualidade”, justificou.

Segundo ela, ainda, é muito mais difícil encontrar lançamentos na internet, a não ser que seja de maneira ilegal.

Outro motivo é circunstancial. A gráfica publicitária Ivone, por exemplo, gosta bastante dos DVDs, mas admitiu que estava alugando alguns por questões práticas. “Estou me mudando e ainda não tenho tudo instalado, como internet, por isso vim aqui”, explicou.