Homenageada convenceu Wanderson Mota Protácio, acusado de triplo homicídio em Corumbá de Goiás, a se entregar para a polícia

A produtora rural Cinda Mara Alves de Siqueira deve receber título de Cidadania Goiana. A assinatura do projeto de lei é do deputado estadual Amauri Ribeiro (Patriota) e já tramita na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego). A honraria foi justificada em decorrência da atuação de Cinda no convencimento para que o então foragido Wanderson Mota Protácio, 21 anos, se entregasse à polícia, no dia 4 de dezembro de 2021.

Wanderson é suspeito da morte da mulher dele, Raniele Aranha, de 19 anos; da enteada, Geysa Aranha Rocha de Souza, de 1 anos e 8 meses; e do vizinho, Roberto Clemente de Matos, de 73 anos, no dia 28 de novembro de 2021, em Corumbá de Goiás, no Entorno do Distrito Federal (DF). Ele ficou foragido por seis dias em uma região de mata até invadir a propriedade de Cinda, que fica localizada em Gameleira de Goiás, e por isso ganhou a alcunha de “novo Lázaro”. Na ocasião, Cinda estava sozinha e, apesar da situação de tensão, ofereceu alimentação e vestimentas ao assaltante, além de tê-lo convencido a se apresentar às autoridades, dando fim à uma busca policial.

Cinda Mara Alves, que reside em Goiás desde 1980 e já trabalhou em emissoras de rádio em Anápolis na década de 1990, é natural da cidade de Pedro Canário Estado, no Espírito Santo. Ela ganhou notoriedade em todo país pelo feito e por ter registrado o momento por meio de uma selfie com o acusado. “Muitas pessoas passaram informações desencontradas e a polícia estava cansada de ir atrás. Pedi para tirar a foto e tive o discernimento de mandar para o prefeito, para que ele encaminhasse à polícia”, contou à época. A intenção dela era provar que o bandido estava disposto a se render e que se tratava mesmo do “novo Lázaro”.

O codinome dado a Wanderson é uma referência a Lázaro Barbosa de Sousa, 32 anos, que, em junho do ano passado, ficou nacionalmente famoso depois de ter matado uma família em Ceilândia, no DF, e ficado escondido na mata por 20 dias. A operação de captura de Lázaro, dono de extensa ficha criminal e com registro de três fugas da prisão, mobilizou uma força-tarefa composta por mais de 270 agentes e resultou na morte do suspeito.

Quando chegou à fazenda de Cinda, Wanderson bateu na janela com um revólver e ameaçou matá-la. Pouco tempo depois, ele disse que estava com medo de morrer. “Ele falou que estava com fome. Fui muito profissional, de ter aquela tranquilidade, fui fria”, afirmou. Wanderson já possuía passagens na polícia por homicídio, feminicídio e latrocínio.

Tramitação

A propositura do título proposto para Cinda passará pela análise da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da Alego. Se tiver a constitucionalidade confirmada será deliberada pelo Plenário da Casa de Leis. De acordo com o deputado autora da matéria, a honraria se justifica pela contribuição de Cinda com a segurança do Estado de Goiás.