Cláudia Cruz é suspeita de operar conta na Suíça utilizada pelo marido para recebimento de propina. Ela e outros três são acusados de lavagem de dinheiro e evasão de divisas

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Dinheiro foi utilizado para compras de luxo e gastos pessoais | Foto: Divulgação

O juiz Sergio Moro aceitou, nesta quinta-feira (9/6) denúncia contra a jornalista Cláudia Cruz, esposa do deputado federal afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Agora, portanto, ela também se torna ré na Operação Lava Jato, suspeita dos crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

Claudia é apontada como a única administradora de conta na Suíça em nome da offshore Köpek, utilizada para pagar despesas de luxo em cartão de crédito que somam mais de US$ 1 milhão, durante um prazo de sete anos. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), as contas eram utilizadas para garantir o recebimento de propinas sem que o dinheiro fosse descoberto.

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Além dos gastos em roupas e acessórios, Claudia também usou o dinheiro desviado para arcar com despesas da educação dos filhos de Cunha, que passaram por instituições de ensino na Inglaterra e Estados Unidos. Entre 2009 e 2014, ela também enviou diversas remessas de dinheiro que somam mais de US$ 100 mil, cometendo crime contra o sistema financeiro nacional.

Na denúncia, também são citados o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras, Jorge Luiz Zelada, acusado de corrupção passiva; o operador dos interesses do partido de Cunha, PMDB, no esquema, João Augusto Rezende, por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas; e o empresário Idalecio Oliveira por corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

Todos eles foram ligados à compra de um campo de exploração de petróleo na costa do Benin, na África, pela Petrobras. Claudia e Eduardo teriam levado US$ 1,5 milhão no negócio, que obteve intenso apoio do agora afastado presidente da Câmara dos Deputados. Ainda de acordo com o MPF, esta não foi a única negociação de contratos da Petrobras que envolveu corrupção.

“As provas que embasaram as acusações indicam a existência de um quadro de corrupção sistêmica encravado em praticamente todos os contratos da Diretoria Internacional da estatal, sendo que o pagamento de propina era a verdadeira ‘regra do jogo”, afirmaram os procuradores. “A corrupção foi a um nível em que as provas indicam que um terço do valor do negócio foi reservado para pagar propinas”.

Os procuradores também pedem que João Augusto Rezende tenha uma nova prisão preventiva decretada e pague multa de no mínimo US$ 10 milhões. As investigações seguem em curso e podem atingir também a filha de Cunha, Daniele Ditz.