Neste sábado, 30, o Ministério Público de Goiás (MPGO) confirmou que obteve a prorrogação da prisão temporária do ex-secretário de Saúde de Goiânia, Wilson Pollara, por mais cinco dias. O pedido foi atendido pelo Judiciário, mas, devido ao sigilo processual, o MPGO não divulgou informações adicionais. A ação corre em segredo de justiça, o que limita a divulgação de detalhes sobre o caso.

Em relação à saúde do ex-secretário, a defesa de Pollara solicitou a conversão da prisão temporária para domiciliar, devido ao agravamento de seu quadro médico. O advogado apresentou um laudo médico datado de 27 de novembro, informando que Pollara sofre de doenças graves, incluindo doença arterial coronariana, arritmias cardíacas e hipertensão arterial. Além disso, o ex-secretário enfrenta dificuldades de locomoção, resultantes de problemas musculares, e sofre complicações decorrentes de tratamentos contra dois tipos de câncer.

A defesa argumenta que, devido à condição de saúde debilitada de Pollara, a prisão temporária coloca em risco sua integridade física e dignidade, o que justifica a solicitação de prisão domiciliar. O advogado também reafirmou a confiança de que o pedido será acolhido, destacando que a prisão temporária já cumpriu sua finalidade e que as medidas cautelares aplicadas são suficientes para garantir o andamento da investigação.

Pollara, que tem 75 anos, foi preso durante a Operação Comorbidade, deflagrada pelo MPGO na manhã de quarta-feira, 27. A operação teve como alvo o ex-secretário e outros dois antigos gestores da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia: Quesede Ayres Henrique, ex-secretário-executivo da pasta, e Bruno Vianna, ex-diretor financeiro da SMS.

De acordo com as investigações, os três formaram uma associação criminosa voltada a beneficiar empresas por meio de pagamentos irregulares. A investigação aponta que, sob a gestão de Pollara, a Secretaria de Saúde de Goiânia mantinha uma relação direta com fornecedores da Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc), responsável pela administração de três maternidades na capital, realizando pagamentos fora dos procedimentos oficiais, desrespeitando a ordem cronológica de exigibilidade e causando danos aos cofres públicos.

Além disso, o MPGO aponta que esse esquema de pagamentos irregulares teve consequências diretas na gestão da saúde municipal, agravando a crise no setor. Entre os reflexos mais visíveis estão as filas nas UTIs, onde pacientes morreram à espera de uma vaga, e a interrupção de repasses financeiros para entidades do terceiro setor, como a Fundahc.

Com um passivo de R$ 121,8 milhões junto a fornecedores, a Fundahc enfrenta dificuldades para manter o funcionamento regular das unidades hospitalares e maternidades sob sua gestão. A operação cumpriu, além das prisões, oito mandados de busca e apreensão em locais estratégicos, incluindo a sede da Secretaria Municipal de Saúde, as residências dos envolvidos e os imóveis de um empresário vinculado aos contratos investigados. Durante a ação, os agentes encontraram R$ 20.085,00 em dinheiro na posse de um dos alvos.

A Prefeitura de Goiânia, por meio de uma nota oficial, afirmou que está colaborando com as investigações conduzidas pelo MPGO e que tomará as medidas administrativas cabíveis à medida que o processo avance. Além disso, o município anunciou que, em resposta ao ocorrido, houve uma mudança na gestão da Secretaria Municipal de Saúde. A nova titular da pasta é Cynara Mathias Costa, que assume o cargo diante da crise no setor e das investigações que envolvem a gestão anterior.

O caso segue em andamento, e a expectativa é que novos desdobramentos sejam divulgados nos próximos dias. A defesa de Pollara continuará acompanhando de perto a tramitação do processo, com a expectativa de que a prisão domiciliar seja concedida, enquanto as investigações continuam a apurar a profundidade e os impactos do esquema de corrupção e suas consequências para a saúde pública em Goiânia.

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