Morre, em Goiânia, Bariani Ortêncio, autor do ‘hino de Brasília’
15 dezembro 2023 às 18h34
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O escritor Waldomiro Bariani Ortêncio, autor da música que se tornou hino de Brasília, a “Brasília – 21 de Abril”, morreu na tarde desta sexta-feira, 15, aos 100 anos, vítima de um acidente vascular cerebral (AVC) em sua residência, em Goiânia.
Nascido em Igarapava, interior de São Paulo, em 24 de julho de 1923, Bariani mudou-se para Goiânia em 1938, sendo compositor de mais de 50 canções, entre letras e melodias. A música “Brasília – 21 de Abril” foi adotada como hino na inauguração da capital federal em 1960. O prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos), lamentou a morte de Bariani. [Veja nota na íntegra ao final do texto]
Além disso, ocupava a Cadeira nº 9 da Academia Goiana de Letras, destacando-se por explorar em suas obras temas como folclore e culinária goiana, e outros.
Filho de Josefina Bariani e Antônio Ortêncio, iniciou sua trajetória educacional em 1930, conseguindo seu primeiro emprego nas Casas Pernambucanas no ano seguinte. Em 1938, a família mudou-se para Goiânia, onde Bariani matriculou-se no Liceu, concluindo os estudos ginasiais e científicos.
Em 1941, integrou o Tiro de Guerra, e, em 1948, ingressou na Faculdade de Odontologia, embora não tenha concluído o curso. Além de suas contribuições à literatura, Bariani destacou-se como comerciante no bairro de Campinas, onde estabeleceu o Bazar Paulistinha, uma loja de discos.
Paralelamente, foi proprietário de um cursinho preparatório e atuou como goleiro no Atlético Clube Goianiense. Sua versatilidade se estendeu por diversas atividades, como alfaiate, professor de matemática, fazendeiro, industrial e minerador.
Vida de escritor e compositor
Como escritor, Bariani começou sua carreira na infância, contribuindo para o jornal estudantil “O Chicote”. Em Goiânia, escreveu para o jornal estudantil do Liceu e produziu crônicas para a Rádio Clube de Goiânia, algumas também publicadas na “Folha de Goyaz”.
Seu primeiro livro, “O que foi pelo Sertão”, foi publicado em 1956, conquistando o Prêmio Americano do Brasil da Academia Goiana de Letras. Ao longo dos anos, recebeu reconhecimentos como os prêmios Bolsa de Publicações Hugo de Carvalho Ramos e José Décio Filho, entre outros.
Como compositor, ele é o autor de inúmeras músicas, com suas primeiras canções sendo gravadas a partir de 1957 por vários intérpretes, incluindo Irmãs Santos, Duo Paranaense, Trio da Vitória, Duo Estrela D’Alva e Duo Guarujá, entre outros.
Em 1960, durante a inauguração da nova capital do Brasil, a Orquestra e Coro RGE gravaram a marcha “Brasília Vinte e Um de Abril”, de sua exclusiva autoria. No mesmo disco, também estava presente a marcha “Brasília a Capital da Esperança”, coescrita por ele em parceria com Henrique Simonetti e Capitão Furtado. Em abril de 1968, recebeu o título de Cidadão Goiano da Assembleia Legislativa de Goiás.
Além disso, é membro da Academia Goianiense de Letras (Cadeira nº 23) e do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás (Cadeira nº 46), cujo patrono é o padre Manuel Aires de Casal.
Ele também faz parte da União Brasileira de Escritores, Seção de Goiás, da qual foi presidente em 1966, da Comissão Nacional do Folclore, da Associação Goiana de Imprensa, da Comissão Goiana de Folclore, do Conselho Estadual de Cultura em 1972, da Ordem Nacional dos Bandeirantes e da Sociedade Geográfica Brasileira, entre outras agremiações sociais, culturais e de classe.
Em 12 de abril de 2013, foi agraciado com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Goiás. Em 15 de março de 2017, durante um evento no Palácio das Esmeraldas, sede do Governo estadual, lançou uma coletânea composta por quatro títulos: “O Crime do Mordomo e Outros Crimes… de Humor”, “Chão Bruto”, “Conversando com os Mitos do Folclore Brasileiro” e “Ficção Longa de Bariani Ortencio”.
Nota de pesar de Rogério Cruz
“É com tristeza e pesar que eu e minha família lamentamos o falecimento de Bariani Ortêncio, um dos mais ilustres e respeitados nomes da cultura goiana, ocorrido nesta sexta-feira (15/12), aos 100 anos de idade.
Waldomiro Bariani Ortêncio dedicou sua vida à preservação e divulgação da cultura e do folclore goianos. Tendo completado um século de vida em julho deste ano, ele deixa um legado inestimável para a cultura de nosso estado e para o Brasil.
Autor de livros, foi uma voz ativa na pesquisa e na promoção das tradições de Goiás. Além de sua notável carreira literária, também se dedicou ao empreendedorismo, produção musical e futebol, mostrando sua versatilidade e paixão por diferentes áreas.
Neste momento de luto, expressamos nossas mais sinceras condolências à família de Bariani Ortêncio, aos familiares, amigos e a todos que admiravam seu trabalho e sua contribuição à cultura. Sua memória e suas obras permanecerão vivas, inspirando gerações futuras.”
Nota de pesar do governador Ronaldo Caiado
“A história de Goiás perdeu hoje um dos seus gigantes. Gracinha e eu recebemos com profundo pesar a notícia do falecimento de Bariani Ortencio, aos 100 anos.
É impossível contar a história do nosso estado sem passar por suas palavras, pelos causos e pelo imenso repertório cultural que ele guardava e pôde compartilhar em suas obras.
Extremo conhecedor da nossa cultura e do nosso folclore, Bariani é o retrato do nosso estado. Multifacetado, foi escritor, professor, empresário, jogador de futebol, amante da música e da culinária goiana.
Neste momento de imensa dor, estamos juntos em oração para que Deus conceda a familiares e amigos todo o consolo. Nossos sinceros sentimentos.”
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