O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, determinou neste sábado, 27, a prisão domiciliar de dez condenados pela trama golpista. A justificativa apontada foi o risco de fuga deles para o exterior.  

Segundo o ministro o caso de Alexandre Ramagem, ex-chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), no governo de Jair Bolsonaro (PL) utilizou o mesmo “modus operandi”. Como ainda, Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) – fuga que implicou na decisão de Moraes.  

O bolsonarista foi detido no Paraguai na última sexta-feira, 26. A ação aconteceu quando Silvinei tentava embarcar em um voo para El Salvador com um passaporte falso. Ele levava uma carta, na qual dizia que viajaria para fazer um tratamento médico devido um câncer no cérebro – motivo pelo qual não conseguir escutar e nem falar.

O ex-diretor da PRF foi transferido para Brasília neste sábado, 27, para cumprir prisão preventiva. A expectativa é que Vasques fique preso na Papudinha, unidade da Polícia Militar no Distrito Federal.

Silvinei foi condenado a 24 anos e seis meses de prisão pelo STF como participante de um dos núcleos da trama golpista do governo Jair Bolsonaro (PL). Ele aguardava o fim da tramitação do seu caso em liberdade, monitorado por tornozeleira eletrônica.

Silvinei Vasques detido no aeroporto do Paragua | Foto: PF do Paraguai/Divulgação

A Polícia Federal detectou uma falha no monitoramento da tornozeleira eletrônica de Silvinei às 3h do dia 25 de dezembro. Horas antes de romper o aparelho, ele organizou seus pertences. Vestindo calça de moletom, camiseta e um boné, o ex-diretor da PRF levou bolsas, tapetes higiênicos para cachorros e um pitbull até o veículo alugado, que seria usado para deixar Santa Catarina em direção ao Paraguai.

Alexandre Ramagem

O ministro Alexandre de Moraes também citou o caso de Alexandre Ramagem (PL-RJ). O ex-deputado federal teve mandato cassado, após a condenação pela trama golpista. Ramagem está foragido nos Estados Unidos.

“O modus operandi da organização criminosa condenada pelo Supremo Tribunal Federal indica a possibilidade de planejamento e execução de fugas para fora do território nacional, como feito pelo réu Alexandre Ramagem, inclusive, com a ajuda de terceiros”, escreveu no documento.

Segundo o despacho, a manutenção de Ramagem em Miami tem sido possibilitada com apoio de parte dos investigados, que tem auxiliado “o foragido a ludibriar as autoridades americanas com documentos falsos a fim de obter a chamada driver license (carteira de motorista).”

Prisão domiciliar

A decisão de Moraes atinge dez condenados pela trama golpista. Os mandados foram cumpridos na manhã deste sábado, 27, pela Polícia Federal no Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, Paraná, Goiás, Bahia, Tocantins e Distrito Federal.

O objetivo era evitar tentativas semelhantes de fuga de condenados que ainda não cumprem prisão por não terem esgotado recursos. Em casos em que há envolvimento de militares, houve apoio do Exército.

Em Ponta Grossa (PR), policiais estiveram na casa do ex-assessor internacional da Presidência Filipe Martins, para comunicar a decisão. Ele já usava tornozeleira eletrônica, mas sua autorização para sair de casa durante o dia foi revogada.

O presidente do Instituto Voto Legal, Carlos César Moretzsohn Rocha, um dos dez alvos de prisão domiciliar cumpridas pela Polícia Federal, não foi encontrado pelos agentes da PF e foi considerado foragido. Os agentes da PF estiveram no endereço dele em São Paulo, mas não o encontraram no local.

Carlos Cesar Moretzsohn do Instituto Voto Legal (IVL) | Foto: Reprodução

Rocha foi um dos réus do chamado “núcleo 4” da trama golpista investigada pelo STF. Ele está relacionado a tentativas para questionar o resultado eleitoral e disseminar desinformação sobre as urnas eletrônicas de 2022. A lista envolve ainda ex-membros do Exército.

Além de Rocha, os outros alvos são: Ailton Gonçalves Moraes Barros, ex-major do Exército; Ângelo Denicoli, major da reserva do Exército; Bernardo Romão Corrêa Netto, coronel do Exército; Fabrício Moreira de Bastos, coronel do Exército.

Giancarlo Rodrigues, subtenente do Exército; Guilherme Marques Almeida, tenente-coronel do Exército; Marília Alencar, ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça; e Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros, tenente-coronel do Exército são outros alvos.

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