Pedido é embasado em conversa telefônica do ex-ministro da Educação que, segundo o MP, mostra que ele pode ter sido avisado de operação com antecedência

O caso envolvendo o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro e pastores suspeitos de integrarem gabinete paralelo no Ministério da Educação (MEC) foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF). O juiz Renato Coelho Borelli, da Justiça Federal do Distrito Federal, proferiu a decisão após o Ministério Público Federal (MPF) apontar “indício de vazamento da operação policial e possível interferência ilícita do presidente Jair Bolsonaro nas investigações”.

O texto diz que a investigação foi “prejudicada” em razão de tratamento diferenciado dado pela polícia ao ex-ministro. No STF, a relatoria do caso deve ficar com a ministra Cármen Lúcia, que ficou responsável por decisões nas investigações sobre Milton Ribeiro quando ele era ministro.

“Registre-se também que há indícios de igual interferência na atividade investigatória da Polícia Federal quando do tratamento possivelmente privilegiado que recebeu o investigado Milton Ribeiro”, afirma a manifestação do Ministério Público.

A Procuradoria cita que o ex-ministro “não foi conduzido (de São Paulo) ao Distrito Federal (não havendo sido tampouco levado a qualquer unidade penitenciária) para que pudesse ser pessoalmente interrogado pela autoridade policial que preside o inquérito policial, apesar da farta estrutura disponível à Polícia Federal para a locomoção de presos”.

De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, em interceptação telefônica que captou conversas do ex-ministro, Ribeiro afirma que “ele acha que vão fazer uma busca e apreensão… em casa… sabe… é… é muito triste”. Não foi informado até o momento como essas conversas foram obtidas.

Segundo apuração da Folha de S. Paulo, esse “ele” mencionado por Ribeiro é uma possível referência a Bolsonaro. Nos diálogos interceptados, o ex-ministro afirma que teme a medida. “Bom! Isso pode acontecer, né? Se houver indícios né”, afirmou o ex-ministro, segundo as transcrições.

Operação deflagrada pela Polícia Federal na quarta-feira, 22, prendeu o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro e pastores com influência dentro do MEC. A suspeita é que eles façam parte de esquema que liberava verbas da pasta para projetos em municípios em troca de propina. Ribeiro, os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura e demais presos na operação foram soltos na quinta, 23, por determinação judicial.

*Com informações do jornal digital GZH e Folha de São Paulo