Em documento de resposta a um questionamento do Congresso, a pasta afirmou que, apesar de ter anunciado compra de 560 milhões de doses, apenas 280 milhões forma realmente adquiridas

Após questionamento oficial do Congresso, o Ministério da Saúde admitiu ter inflado o número de doses compradas de vacinas contra a Covid-19. O ministro Marcelo Queiroga havia afirmado, no dia 31 de março, que a pasta havia adquirido 560 milhões de doses. O número também apareceu em peças publicitárias do MS, uma delas, divulgada dias antes, em 24 de março, no perfil oficial da pasta no Twitter. No entanto, ao responder questionamento do Congresso, o ministério relatou ter comprado metade do que foi divulgado: 280 milhões de doses.

Nesta quinta-feira, 6, o atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e o presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, devem prestar depoimentos. De acordo com o presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), na ocasião se pretende questionar ao titular da Saúde sobre o número de doses compradas. Também sobre a análise e aprovação de mais vacinas.

Até o momento, o ministério confirmou a contratação de 281.023.470 doses da vacina e 281.889.400 em fase de negociação. A Saúde garante que irão chegar, até o fim do ano, 210 milhões de unidades da Oxford/Astrazeneca. No entanto, não existe contrato para toda a produção. Quem assinou a resposta ao Congresso foi Lauricio Monteiro Cruz, diretor do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis, no dia 12 de abril. O Congresso teve acesso à resposta anteontem.

O Ministério da Saúde tem 30 dias para responder essas questões. Caso ultrapasse o prazo ou preste informações falsas, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, pode ser enquadrado no crime de responsabilidade. A pergunta havia sido feita pelo deputado Gustavo Fruet (PDT-PR). No documento de resposta, explicita que “pode-se afirmar que das 575.912.870 doses destinadas para atendimento das ações do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra covid, já foram contratadas 281.023.470 doses”.

Das doses adquiridas em seis processos de compra, o documento da Saúde cita que os principais são Coronavac (100 milhões de doses em dois contratos); Pfizer (pouco mais de 100 milhões); Janssen (38 milhões); Covaxin (20 milhões); AstraZeneca (12 milhões) e Sputnik V (10 milhões). Entretanto, a Sputnik IV e a Covaxin ainda não tiveram uso autorizado pela Anvisa.

Ao Jornal Estado de S. Paulo, a Fiocruz afirmou estimativa de entrega de 100 milhões de doses até julho, mas que não há contrato assinado para as demais 100 milhões de doses.