Mercado ilegal de aranhas no Brasil virou “febre” e movimenta milhões
26 novembro 2024 às 15h50
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Qual a melhor tarântula para iniciantes? Como cuidar de uma sling (filhote de aranha)? Como montar um terrário adequado? Essas perguntas se tornaram comuns em vídeos virais nas redes sociais, com milhares e até milhões de visualizações.
Elas refletem o crescente interesse dos brasileiros por criar tarântulas — um hobby que, no Brasil, é ilegal e pode resultar em multas e detenção. Apesar da proibição, o mercado clandestino de aranhas movimenta milhões de reais anualmente, segundo reportagem da BBC News Brasil.
Algumas espécies chegam a custar R$ 1,2 mil, com opções de pagamento parcelado e até rifas organizadas em grupos de redes sociais como Facebook e WhatsApp. Mas por que o comércio ilegal de tarântulas cresceu tanto?
Especialistas ouvidos pela BBC apontam dois fatores principais: punições brandas e a facilidade de compra online. De acordo com o Ibama, menos de cem multas relacionadas a aranhas foram aplicadas nos últimos 20 anos.
Além disso, redes sociais facilitam a comercialização desses animais, com grupos no WhatsApp e Facebook onde membros trocam experiências, mostram seus pets e realizam vendas. Um levantamento recente estimou que, em apenas 14 grupos, foram movimentados R$ 3 milhões em um ano.
O Brasil abriga diversas espécies nativas, mas há também tarântulas contrabandeadas de países como México e Argentina. Algumas das espécies mais populares, como a Pamphobeteus sp., chegam a preços altos.
Segundo a Renctas, o hobby é particularmente popular entre jovens de classe média, atraídos pela raridade e pelo comportamento exótico dos aracnídeos. Dois criadouros no Brasil possuem autorização para criar e vender aranhas de forma legal.
No entanto, especialistas alertam para os riscos associados, como fugas de animais e incentivo ao tráfico ilegal. Além disso, identificar a origem legal dos aracnídeos é um desafio, já que esses animais mudam de exoesqueleto, dificultando a marcação individual.
A retirada de aranhas do habitat natural pode gerar desequilíbrios ecológicos. Esses predadores desempenham um papel vital no controle de populações de outros organismos. Especialistas alertam que, ao capturar uma única fêmea, pode-se comprometer toda uma geração de aracnídeos.
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