Segundo o inquérito policial, o médico exerce a função de médico assistente do Grupo de Apoio ao Paciente Paliativo da unidade

Um médico do Hospital Araújo Jorge foi indiciado pela Polícia Civil de Goiás, por corrupção passiva. Segundo denúncia de familiares de um paciente da unidade hospitalar, o profissional identificado como Antônio Gomes Teles, cobrava valores que variavam entre R$ 200 e R$ 400 para preencher apólices de seguro de vida. Para a vítima em questão, o médico chegou a entregar um comprovante de pagamento.

O indiciamento foi feito pela PC-GO nesta terça-feira, 3. Segundo o inquérito policial, o médico exerce a função de médico assistente do Grupo de Apoio ao Paciente Paliativo do Hospital Araújo Jorge, entidade privada e filantrópica, sem fins lucrativos, credenciada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para o atendimento de pacientes oncológicos em Goiás. De acordo com a Polícia Civil, na qualidade de funcionário público o médico teria cobrado, indevidamente, vantagem de familiares de pacientes falecidos, como condição para o preenchimento de formulários de apólices de seguro de vida.

Até o momento, apenas o filho de um paciente levou ao conhecimento da Polícia Civil as informações do fato. Ele pagou a cobrança, embora indignado, e depois deu conhecimento à autoridade, tendo inclusive gravado a entrega da “propina”.

Segundo o delegado Cleybio Januário, responsável pelas investigações, a cobrança e o próprio preenchimento desses formulários são expressamente proibidos por Resolução do Conselho Federal de Medicina. A Dercap ainda informa que pessoas que tenham sido vítimas desse tipo de cobrança devem procurar a delegacia para que o fato também seja devidamente apurado ou façam denúncia pelo Disque Combate à Corrupção, número 181, da Secretaria de Segurança Pública de Goiás.

Nota

Ao Jornal Opção, o hospital Araújo Jorge apontou que “o preenchimento de relatório de seguradora configura atividade pericial, motivo pelo qual a instituição orienta os integrantes do seu corpo clínico a não preencherem tal declaração”. Além disso, a entidade esclarece que não compactua com infrações à lei ou com desvios éticos, “o que inclui o preenchimento desses formulários, o que é expressamente proibidos por Resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM)”. Em relação aos fatos apurados pela PC-GO, o hospital afirmou que irá se inteirar para tomada de posição.