Responsável por mediar o debate da TV Cultura, onde o candidato Pablo Marçal (PRTB) foi agredido com uma cadeirada pelo rival José Luiz Datena (PSDB) no último domingo, 15, o jornalista Leão Serva já esteve no meio de outra polêmica envolvendo políticos. 

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Com ampla experiência em situações de conflito, tendo noticiado disputas internacionais durante sua carreira como jornalista, Serva protagonizou um dos momentos mais emblemáticos durante o debate entre candidatos ao governo de São Paulo em 2022, quando interveio em um incidente envolvendo o então deputado estadual Douglas Garcia e a jornalista Vera Magalhães. 

Garcia abordou Magalhães de maneira agressiva, repetindo acusações infundadas, o que levou Serva a intervir na discussão. Enquanto o ex-deputado filmava a discussão, o jornalista tomou o celular da mão dele e o lançou, enquanto pronunciava xingamentos. Na época, o jornalista justificou sua ação afirmando que o político vinha assediando sua companheira de trabalho com informações falsas há algum tempo. 

Jornalista tomou e, sem seguida, arremessou celular do esx-deputado Douglas Garcia | Foto: Reprodução

Agressão em debate 

Pablo Marçal precisou ser encaminhado ao hospital após ser agredido com uma cadeirada por Datena durante debate promovido pela TV Cultura entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo neste domingo, 15. A assessoria do ex-coach afirmou que o empresário deu entrada no Hospital Sírio Libânes com suspeita de fratura na região torácica e dificuldade para respirar. A equipe de Marçal, porém, proibiu a unidade de saúde de divulgar o quadro de saúde dele. 

Marçal chegou a publicar um vídeo nas redes sociais em que era atendido por uma equipe de socorristas, enquanto era levado de ambulância ao hospital. Na filmagem, é possível ver o candidato com uma máscara de ar e com os olhos fechados, fazendo expressões faciais de dor.

Posteriormente, o ex-coach compartilhou uma montagem em que comparou a cadeirada com os atentados sofridos pelos ex-presidentes Jair Bolsonaro (PL), em 2018, e Donald Trump, em 2024. A publicação foi feita pelo ex-coach no Instagram. Bolsonaro foi alvo de uma facada durante ato de campanha em 2018 e Trump levou um tiro de raspão na orelha em um comício na Pensilvânia em julho deste ano. Texto que acompanha a montagem diz: “Pq [por que] todo esse ódio?”.

Datena se aproximou do púlpito de Marçal e bateu nele com uma cadeira após ser provocado pelo rival. O apresentador foi expulso do evento. 

Acusação sobre assédio sexual

Instantes antes da cadeirada, Marçal disse que Datena “não era homem” para bater nele. O ex-coach estava fazendo referência ao debate da TV Gazeta/My News, em 1º de setembro, quando Datena deixou seu lugar no palco e foi em direção a Marçal. A mediadora do debate, Denise Campos de Toledo, chegou a chamar os seguranças, mas Datena retornou ao local onde estava posicionado, sendo advertido.

Após dar a cadeirada em Marçal, Datena pegou uma segunda cadeira, mas não jogou. Foi contido por seguranças e por Ricardo Nunes (MDB), dono da segunda cadeira. A agressão ocorreu no quarto bloco, mas a tensão entre Datena e Marçal começou antes, no segundo bloco, quando Marçal afirmou que Datena assediou uma mulher. 

Datena foi sorteado para fazer uma pergunta para Marçal, mas disse que preferiu se reservar “o direito de não perguntar nada para o Pablo Marçal, porque até agora ele subverteu toda perspectiva desses debates”. No seu tempo de resposta, Marçal chamou o apresentador de “Dapena”, acusou o apresentador de um caso de assédio sexual e disse que ele deveria pedir perdão às mulheres. “Eu quero saber se você tocou na vagina dela como é que foi essa questão de assédio sexual”.

Datena se disse inocente, falou que o caso foi arquivado e acrescentou que esse foi um tema que gerou “grande problema” para a família dele. “Foi uma acusação e a polícia não viu prova nenhuma, nem o Ministério Público, que arquivou o processo. A pessoa que me acusou se retratou publicamente em cartório, pediu desculpas.”

Já no quarto bloco, Marçal voltou a provocar Datena ao perguntar quando o tucano iria deixar a disputa eleitoral. O apresentador usou seu tempo de resposta para voltar a se defender da acusação de assédio.

Datena disse que não havia provas do assédio e que o assunto “chegou a provocar a morte da minha sogra por calúnia e difamação, depois de três AVCs”. Em seguida, lembrou que Marçal foi condenado pela Justiça. “Todos nós estamos falando aqui de uma condenação. […] Você foi condenado como bandidinho, ladrãozinho de dados de internet”, disse. “Você foi condenado.”

Quando a palavra voltou para Marçal, o ex-coach disse que Datena “não era homem” para enfrentá-lo. A isso se seguiu a cadeirada. A cadeira usada por Datena para agredir Marçal era a da candidata Marina Helena (Novo), disse ela em entrevista. No intervalo, Marçal pediu para se retirar do debate e seguiu para um hospital, segundo informou a assessoria dele.

A TV Cultura expulsou Datena do debate após a agressão, conforme previsto nas regras. O debate então continuou a ser transmitido ao vivo com os demais candidatos: Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL), Tabata Amaral (PSB), Marina Helena (NOVO). O apresentador Leão Serva afirmou que antes da agressão, Datena havia cometido outras falhas graves, ao usar duas palavras de baixo calão.

O apresentador Serva disse que foi “um dos momentos mais absurdos da TV brasileira, certamente dos debates”. 

Já fora do debate, Datena deu entrevista, reconheceu que perdeu a cabeça e disse que a agressão foi uma “reação humana”. Em conversa com jornalistas na saída da TV Cultura, o candidato do PSDB justificou que reagiu às acusações feitas por Marçal mas que não se arrependia.