O último mês colocou Israel e a Faixa de Gaza sob olhares do mundo todo e sempre que um novo conflito global surge, jornalistas locais e internacionais se deslocam para a região para trazer informações que só podem ser apreendidas através da observação direta. Entretanto, relatar essa história tem se tornado cada vez mais desafiador e perigoso.

Em um espaço de apenas um mês, 37 profissionais da mídia perderam suas vidas enquanto cobriam os embates entre Israel e o Hamas. Esse número é mais do que o dobro do total registrado em um período de 20 meses de conflito na Ucrânia, de acordo com dados do Comitê de Proteção a Jornalistas (CPJ).

O total de 37 jornalistas mortos durante este período também ultrapassa o somatório de todas as mortes registradas em Israel e nos territórios palestinos desde 1992, o início do histórico documentado. Destes profissionais falecidos, 32 eram de origem palestina, quatro de nacionalidade israelense e um era do Líbano.

A quantidade de mortes, que chega a mais de um por dia, revela uma situação alarmante. Por trás dessas perdas recordes, denunciadas pelo Comitê de Proteção a Jornalistas (CPJ), estão tentativas de censura, ameaças, detenções arbitrárias, ataques a redações e a colocação de familiares como alvos.

Embora a guerra se concentre em Gaza, a escalada para regiões como a Cisjordânia também tem causado preocupação. Na terça-feira, a Associação de Imprensa Estrangeira criticou o que chamou de perseguição israelense a repórteres, que estariam sendo ameaçados e impedidos de acessar locais no território palestino mesmo credenciados.

A jornalista brasileira Heloísa Villela, presente na região da Cisjordânia sob ocupação nas últimas semanas, relata ter evitado cobrir as manifestações que, com o surgimento da guerra, tornaram-se mais frequentes. Estas costumam ocorrer próximas aos postos controlados pelas forças israelenses, devido à escassez de equipamentos de proteção para jornalistas.

De acordo com Villela, todos os recursos destinados a esses itens estão sendo redirecionados para as Forças Armadas de Israel. Ela destaca a existência de um histórico de brutalidade contra a imprensa local palestina, uma realidade que perdura ao longo do tempo e não se trata de algo recente.

*Com informações do portal O Globo.

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