Nova reunião da Executiva, marcada para esta segunda-feira (12/6), pode definir rumo do partido na gestão Temer

Fábio Sousa | Foto: Luis Macêdo/ Agência Câmara

O PSDB enfrenta uma verdadeira crise de identidade: após o julgamento que absolveu a chapa Dilma-Temer e, consequentemente, manteve o presidente no poder, o tucanato não conseguiu se decidir ainda sobre a permanência, ou não, no governo.

Foi marcada para esta segunda-feira (12/6) uma reunião da cúpula e de deputados e senadores do partido para discutir sobre o assunto.

Se antes da decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) havia convicção da perda de governabilidade de Michel Temer (PMDB), hoje o cenário mudou. Com o novo fôlego judicial, vários parlamentares têm se posicionado contra o desembarque.

Tal postura não representa, porém, o desejo da maioria do partido. Segundo o deputado federal Fábio Sousa (PSDB-GO), as bases têm clamado pela saída e cobram um posicionamento coerente do partido.

Entre os 46 deputados federais, o goiano estima que metade quer continuar no governo e a outra metade quer sair. “Somos 21 dispostos a, inclusive, assinar um pedido formal de entrega de cargos e ministérios. Não precisamos ser aliados para apoiar as reformas e propostas do governo. O que for bom para o país, a gente vota ‘sim'”, explicou.

Principal aliado do PMDB de Michel Temer, o PSDB tem atualmente quatro ministérios e ensaia, desde a divulgação do conteúdo das delações premiadas da JBS — que sugerem participação do presidente em uma suposta compra do silêncio do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o recebimento de propina –, o rompimento.

Presidente do diretório nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), foi um dos que engrossou o coro pela saída: disse que não é preciso ter cargos para apoiar as reformas econômicas de Temer.

Fábio Sousa garantiu ao Jornal Opção que defenderá, na reunião de segunda (12), o mesmo posicionamento. “Não dá para continuar o atrelamento a um governo que nem sequer recebeu nosso voto”, alertou.

A tese da ala pelo rompimento é que já há indícios suficientes de que Temer e o PMDB participaram ativamente dos desvios de recursos públicos da Petrobras, além de terem recebido milhões em troca de apoio nas eleições de 2014. “Tanta coisa vindo à tona e temos que esperar mais um fato novo acontecer? É brincadeira”, critica o parlamentar.

Nos diretórios, a situação é a mesma: há uma clara divisão de posicionamento. São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, defendem o rompimento com Temer, já os de Minas Gerais e Goiás — este controlado pelo deputado federal Giuseppe Vecci, aliado do governador Marconi Perillo (que defende o apoio) — se posicionam contrários.

“O partido como um todo, as bases, quer sim deixar o governo, mas a cúpula ainda está dividida”, explica Sousa.