Luva entregue a melhor goleiro da Copa do Brasil foi confeccionada por artesão goiano
29 novembro 2024 às 12h17
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A final da Copa do Brasil 2024, que consagrou o Flamengo como campeão em cima do rival Atlético-MG, teve um pé goiano. Ou melhor dizendo, uma luva. O goleiro argentino, Agustín Rossi, um dos principais responsáveis pelo título conquistado pelo clube carioca, ergueu outro prêmio além do troféu: uma luva de borracha dada ao goleiro vencedor da competição. O criador do troféu é um artista plástico que nasceu e vive em Aparecida de Goiânia.
O prêmio “Goleiro Continental”, feito de pneus reciclados, foi confeccionado pelo artista plástico Cristiano Borges, de 44 anos. Foi a segunda obra feita por ele entregue aos boleiros da competição – a primeira aconteceu em 2023, quando o goleiro Rafael, do São Paulo, foi escolhido o melhor guarda-redes.
“Na primeira tive quatro meses de prazo. Desta vez foi menos, faltando mais ou menos uns 50 dias para acabar o campeonato. Como é pequena e com muitos detalhes, não foi fácil. Ela ficou com 28 centímetros. Fiz quatro luvas e eles aprovaram uma”, afirmou Cristiano.
O artista, descoberto pelos patrocinadores do evento por meio das redes sociais – onde divulga os trabalhos – foi acionado no dia 4 de agosto, pouco mais de dois meses para a final do campeonato, realizada no último dia 10, em Belo Horizonte.
Apesar do prazo apertado, o artesão conta que conseguiu enviar a peça para o Rio de Janeiro no dia 4 de novembro. A luva foi confeccionada em espaço de 12/4 metros, que Cristiano reservou em casa para trabalhar.
Se engana, porém, quem acha que o processo é fácil. O artesão diz que o prêmio de borracha é feito em três etapas: o molde da luva com ligação (borracha crua usada na recapagem de pneus), o preenchimento do objeto com pó de pneu e, por último, o revestimento da obra com pneus. Vale ressaltar que, em todos os processos, foi necessário o cozimento do objeto no autoclave (máquina usada para deixar a borracha rígida).
“Essa já foi mais rápida, fiz ela com mais ou menos uma semana de prazo. Como eu já havia feito uma, tinha o modelo, o projeto estava praticamente pronto. Precisei apenas modificar alguma coisa, um erro de costurar, uma diferença no dedo”, explica.
“Dever cumprido”
Há 20 anos na área de artesanato, Cristino conta que ficou surpreso com o convite e que aguarda ser acionado novamente. Segundo ele, ter a peça exposta de forma nacional e até internacional é uma realização de vida, de dever cumprido.
“Não consigo descrever. Se você faz um trabalho bem feito da primeira vez, a pessoa retorna de novo, quer dizer que o seu trabalho foi bem aceito. Me sinto privilegiado”, reforçou.
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