O presidente Lula da Silva (PT) completa, neste domingo, 27, 79 anos de idade e tornou-se a pessoa mais velha a comandar o País. Lula comemora o aniversário no Palácio da Alvorada após sofrer um acidente doméstico e não foi votar no segundo turno das eleições municipais de São Bernado do Campo. Nascido em 27 de outubro de 1945, em Caetés, Pernambuco, Lula se destacou como um líder operário antes de entrar para a política formal, e sua vida pública tem sido caracterizada por conquistas sociais, reconhecimento internacional e polêmicas.

Ministros de Estado do terceiro mandato de Lula gravaram um vídeo que foi publicado nas redes sociais com homenagens ao presidente. “Hoje, o filho da Dona Lindu completa mais um ano de vida com muita saúde e dedicação ao país. Das lutas dos trabalhadores à voz de uma nação. O Brasil celebra com você, presidente. Feliz aniversário, Lula”, diz mensagem.

A queda de Lula resultou em um ferimento na parte de traz da cabeça que precisou de alguns pontos. Devido ao acidente, Lula cancelou uma viagem que faria à Rússia para participar da Cúpula do Brics. Ele também não viajou para a Colômbia, onde participaria da COP da Biodiversidade, na terça-feira, 29.

Ascensão sindical e a fundação do PT

Lula começou sua trajetória política como líder sindical em São Bernardo do Campo, São Paulo, onde atuou intensamente nos anos 1970 e 1980 em greves que reivindicavam melhores condições para os trabalhadores da indústria automobilística. Essas greves marcaram o início de um movimento sindical independente e deram visibilidade nacional a Lula, que se tornaria uma das principais vozes pela democratização do Brasil, então sob a ditadura militar.

Em 1980, ele fundou o Partido dos Trabalhadores (PT), alinhado aos princípios da justiça social, dos direitos dos trabalhadores e da luta contra a desigualdade. Nos anos seguintes, Lula concorreu três vezes à presidência (1989, 1994 e 1998), sem sucesso, mas consolidou-se como um nome central da esquerda no Brasil. Seu crescimento eleitoral refletiu uma crescente insatisfação popular com as desigualdades socioeconômicas no país.

Primeira eleição presidencial e o combate à pobreza

Em 2002, Lula foi eleito presidente em sua quarta tentativa, prometendo um governo que combateria a fome e a pobreza. Durante seu mandato, lançou programas como o Bolsa Família, que integrava uma série de auxílios sociais, e o Fome Zero, que buscava combater a insegurança alimentar. Essas iniciativas foram amplamente reconhecidas, ajudando a reduzir a pobreza extrema e a aumentar o acesso a serviços básicos.

Em seu segundo mandato, Lula manteve o foco em programas sociais e políticas de incentivo econômico. O Brasil viveu um período de crescimento econômico, beneficiado pelo boom das commodities. Internacionalmente, Lula assumiu papel de destaque, participando de importantes fóruns multilaterais e buscando posicionar o Brasil como líder regional e ator global.

A crise do “Mensalão” e as acusações de corrupção

Entretanto, seu governo também enfrentou crises graves. Em 2005, o escândalo do “Mensalão” trouxe à tona acusações de que deputados da base aliada receberiam propinas em troca de apoio político. O escândalo resultou em condenações de altos membros do PT e expôs a fragilidade do sistema político brasileiro. Lula conseguiu manter sua popularidade, mas o caso prejudicou a imagem do partido.

Ao deixar a presidência em 2010, após eleger sua sucessora, Dilma Rousseff, Lula saiu com uma taxa de aprovação recorde e uma forte base de apoio popular. Mas as denúncias de corrupção continuaram a assombrar o PT e suas lideranças.

Condenação e prisão na Operação Lava Jato

Nos anos seguintes, Lula passou a ser investigado pela Operação Lava Jato, que desvendou um esquema de corrupção envolvendo a Petrobras, empreiteiras e políticos. Em 2017, ele foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, em um processo controverso que resultou em sua prisão em abril de 2018. Lula permaneceu preso por 580 dias, até ser solto em 2019, após o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir que condenados em segunda instância poderiam aguardar julgamento em liberdade.

A anulação das condenações pelo STF em 2021 permitiu que Lula voltasse a disputar cargos eletivos, e ele anunciou, em 2022, sua candidatura à presidência. A decisão foi recebida com entusiasmo por uma base fiel e crítica pela oposição, que questionava o retorno de um ex-presidente marcado por processos jurídicos.

Terceiro mandato e os desafios do retorno ao Planalto

Em 2022, Lula venceu Jair Bolsonaro nas eleições, marcando sua volta ao Planalto em um momento de polarização extrema. Em seu terceiro mandato, prometeu retomar o combate à pobreza e reforçar políticas de inclusão social, em meio a uma conjuntura econômica desafiadora. No cenário internacional, Lula retomou a atuação proativa em questões globais, como a mudança climática e a proteção da Amazônia.

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