Lula busca nome “blindado” para o STF e quer evitar nova decepção como Toffoli

13 outubro 2025 às 14h51

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Com a iminente escolha de um novo ministro para o Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem sinalizado que a confiança pessoal será o principal critério para a indicação. A meta: evitar surpresas desagradáveis como a que teve com o ministro Dias Toffoli.
A mágoa de Lula com Toffoli remonta à época em que o petista estava preso durante a Operação Lava Jato. Na ocasião, o então ministro do STF negou o pedido para que Lula pudesse comparecer ao velório de seu irmão. O episódio deixou marcas profundas, especialmente porque o Supremo ainda não havia reconhecido a parcialidade do ex-juiz Sérgio Moro no processo contra o ex-presidente.
Segundo interlocutores próximos ao Planalto, Lula está determinado a evitar “novos Toffolis” e busca alguém com perfil semelhante ao de Ricardo Lewandowski, atual ministro da Justiça e ex-integrante do STF por 17 anos. Lewandowski, indicado por Lula em 2006, é considerado por aliados como o único nome da Corte que nunca decepcionou o presidente.
A estratégia de Lula tem se repetido nas últimas indicações: apostar em nomes que demonstraram fidelidade política e jurídica ao longo dos anos. Foi assim com Cristiano Zanin, seu ex-advogado, e com o ministro Flávio Dino, ex-governador do Maranhão.
Nesse contexto, o advogado-geral da União, Jorge Messias, surge como favorito para ocupar a vaga deixada por Luís Roberto Barroso, que anunciou aposentadoria antecipada por motivos pessoais. Messias tem longa trajetória ligada ao PT, tendo atuado como subchefe para assuntos jurídicos no governo Dilma Rousseff. Além da confiança, pesa a seu favor a juventude — aos 45 anos, poderia permanecer no STF até 2055, quando completaria 75 anos, idade limite para aposentadoria compulsória.
Outro fator que fortalece Messias é seu vínculo com a Igreja Batista. A presença de um evangélico na Corte é vista como uma possível ponte com o eleitorado religioso, tradicionalmente mais alinhado à direita e ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Apesar das pressões de setores do PT e da primeira-dama Rosângela “Janja” da Silva por maior diversidade racial e de gênero na Corte, aliados afirmam que Lula considera esses critérios secundários neste momento. O foco, segundo fontes, é garantir que o próximo ministro seja “gabaritado e confiável”.
Em declaração recente, Lula reforçou essa visão: “Não quero um amigo no Supremo. Quero alguém que cumpra a Constituição. Não sei se será homem ou mulher, preto ou branco. Quero competência”, disse.
A decisão final deve ser anunciada nas próximas semanas, e o nome escolhido terá papel central na composição da Corte pelos próximos anos.
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