Líderes do Brics aprovam ingresso de 13 países para integrar o bloco
23 outubro 2024 às 19h00
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O bloco formado originalmente por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (Brics) deu mais um passo em sua expansão nesta quarta-feira, 23, durante a cúpula realizada em Kasan, Rússia. Sem oposição dos atuais membros, incluindo o Brasil, a presidência russa conseguiu aprovar a inclusão de 13 novos países ao grupo de cooperação mútua. No entanto, esses novos integrantes terão status de “parceiros”, o que limita sua participação nos processos decisórios e não lhes confere direito a voto.
Entre os países convidados para ingressar como “parceiros” estão Cuba, Bolívia, Turquia, Indonésia, Belarus, Malásia, Uzbequistão, Cazaquistão, Tailândia, Vietnã, Nigéria, Uganda e Argélia. A lista foi confirmada por interlocutores da diplomacia brasileira, que têm acompanhado de perto as negociações.
Condições para os novos membros
Apesar de a entrada desses 13 países ter sido aprovada, eles ainda precisam formalizar sua aceitação e aderir às condições impostas pelo Brics. A principal condição é que os novos integrantes atuarão como “Estados Parceiros”, o que significa que, embora possam participar de fóruns multilaterais e discussões no bloco, não terão poder de decisão em situações de divergência. A palavra final continuará sendo dos membros plenos, atualmente formados pelos cinco países fundadores.
Esse modelo de adesão é diferente do processo seguido para os países que ingressaram no Brics no ano passado, como o Egito, Irã, Emirados Árabes e Etiópia. Estes foram admitidos como membros plenos e já participam das reuniões de cúpula com direito a voto. A Argentina, por outro lado, chegou a ser convidada no ano passado, mas, com a eleição de Javier Milei para a presidência, o país optou por abandonar o processo de adesão. A Arábia Saudita, que também recebeu convite, ainda não oficializou seu ingresso.
A posição do Brasil nas negociações
A diplomacia brasileira desempenhou um papel relevante nas recentes negociações, sobretudo no que diz respeito ao veto de determinados países. Nos últimos dias, o Brasil se manifestou contrariamente à inclusão da Venezuela e da Nicarágua no Brics, utilizando o princípio do consenso como base para o veto informal.
Segundo fontes diplomáticas, o Brasil tem se mostrado cauteloso em relação à expansão do Brics. O governo Lula sempre preferiu manter o bloco em sua formação original, antes da inclusão dos novos membros plenos em 2023. No entanto, a pressão por parte da China e de outros membros acabou pesando para que o Brasil cedesse na questão da ampliação, mas com a condição de que critérios fossem estabelecidos para a entrada de novos países.