Ministro defendeu o país em evento realizado nos Estados Unidos e afirmou ser possível alcançar a meta de superávit primário de 1,2% do PIB ainda em 2014

Em entrevista realizada nos Estados Unidos nesta segunda-feira (20/4), o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, avaliou o Brasil como um país “transparente”, onde “tudo é debatido” e “as pessoas que fazem o que é errado são presas”. Afirmação foi feita durante a Cúpula das Américas de Política Monetária, evento organizado pela agência estadunidense de notícias Bloomberg.

Levy destacou também a expectativa quanto à publicação dos balanços da Petrobras e o anúncio do novo Conselho de Administração da estatal nos próximos dias. Para ele, a divulgação dos resultados pode representar mais um passo na “reconstrução” da empresa. O ministro disse ainda que o excesso de preocupação com a Petrobrás é bom, mas que parte das mudanças tem a ver também com a queda nos preços do petróleo no mercado internacional e, por isso, impacta não só na economia brasileira, mas também o exterior.

O ministro disse durante o evento que o Brasil tem capacidade de alcançar ainda em 2015 a meta de superávit primário de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) e que a maior parte do esforço do governo para equilibrar suas contas está nos cortes de gastos e na “reversão” de certos benefícios fiscais. Ele se referia às desonerações em determinados setores, usadas até recentemente pelo governo para o enfrentamento da crise.

Levy falou também sobre as alterações em benefícios trabalhistas e previdenciários. Exemplificando com o caso das pensões por morte, o ministro disse que se uma pessoa torna-se viúva muito cedo, não precisa ter o benefício previdenciário pelo resto da vida. Ao justificar para a plateia da cúpula a necessidade do ajuste, ele explicou que, no Brasil, se “uma pessoa de apenas 30 anos fica viúva herda a pensão integral para sempre”.

O ministro lembrou que, nos últimos anos, o país fez transferências importantes para pessoas de baixa renda, “tudo com muita transparência”, e que os brasileiros entendem o que está acontecendo no país, que “conhecem os números”. Além disso, ele afirmou haver muito debate no país, inclusive na imprensa, em todos os lugares, [é o] “cerne da democracia”, acrescentou.

O ministro voltou a defender que os investimentos em infraestrutura tenham origem mais nas empresas privadas, por intermédio do mercado de capitais do que no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), reafirmando o que havia dito durante seu discurso no evento do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, encerrado no fim de semana, ele disse ser necessário atrair capital externo para a infraestrutura.

“Ouvimos durante todo tempo [em Washington] que existe uma grande demanda por ativos de longo prazo. Temos pessoas idosas em muitos países e as economias avançadas querem ter um fluxo de receitas estável. E nada melhor [para investir] do que um projeto de infraestrutura bem planejado”, disse. Neste fim de semana, ainda na capital americana, o ministro da Fazenda anunciou que o governo anunciará, possivelmente em maio, um novo projeto de concessões.